Variedades & Tecnologia

Rolé Carioca já está com embarque marcado para Paquetá

Depois de atravessar a Baía de Guanabara em abril para ir a Niterói, o Rolé Carioca voltará a pegar a barca no último domingo de setembro, dia 27, desta vez para um passeio em Paquetá. Comandados por Rodrigo Rainha e William Martins, professores de História da Universidade Estácio de Sá darão ao público presente mais uma verdadeira aula a céu aberto sobre História, cultura, arte e arquitetura da ilha que é um bairro do Rio de Janeiro e já inspirou muitos artistas e casais românticos.

Ilha de Paquetá

O ponto de encontro do evento, que como sempre ocorre é gratuito e dispensa inscrições, será na Praça XV, às 9h. A barca em direção a Paquetá tem partida marcada para as 10h. Na ilha, o roteiro prevê o seguinte trajeto: Praça Pintor Pedro Bruno, Igreja do Senhor Bom Jesus do Monte, Canhão de saudação a Dom João VI, Árvore Maria Gorda, Praia do Catimbau, Chácara dos Coqueiros e Pedra da Moreninha.

Paquetá esteve sob o domínio dos índios tamoios até o fim do século XV. Foi o navegante francês André Thevet que primeiro registrou sua descoberta, em dezembro de 1555. A ilha então foi reconhecida pelo rei da França em 1556 e se tornou foco de resistência à expedição portuguesa na cidade do Rio. Paquetá passaria ao controle de Portugal quase uma década depois, em 1565, quando Estácio de Sá repartiu a ilha entre seus companheiros, Inácio de Bulhões e Fernão Valdez.

Paquetá

Dividida em duas sesmarias, a parte sul, denominada Ponte, e a norte, Campo, Paquetá se estabeleceu como produtor agrícola, de cal e argila para a corte nos períodos colonial e imperial. Até hoje essa divisão provoca rivalidades em campeonatos de futebol. No século XIX, Paquetá assumiu relevância política com a presença constante de D. João VI, seguida por membros da alta sociedade, entre eles José Bonifácio de Andrada e Silva, que em 1829 afastou-se da Corte e se exilou na ilha.

A linha regular de barcas, a partir de 1838, e a publicação do romance A Moreninha, em 1844, fomentaram o apelo turístico de Paquetá. No século XX, a ilha fez parte do Distrito das Ilhas (1903), virou Distrito de Paquetá (1961) até passar a pertencer à cidade do Rio de Janeiro (1975). Hoje, a ilha continua atraindo visitantes em busca do clima bucólico e de um estilo de vida em que o tempo parece andar mais devagar.

Curiosidades

Ilha de pacas, conchas e pedras
A ilha que os índios tamoios chamavam de Paquetá era repleta de pacaranas (animal da família das pacas), segundo relato do cosmógrafo francês André Thevet à época do seu descobrimento. Daí deriva o significado mais aceito para seu nome: um “lugar com muitas pacas”. Outras interpretações sugerem que a denominação indígena quer dizer “muitas conchas” ou ainda “área com muitas pedras” – que é uma das marcas registradas do bairro até os dias de hoje.

O Baobá (MDCXXVII)
“Sorte por longo prazo/ a quem me beija e respeita,/ mas sete anos de atraso/ a cada maldade a mim feita”. Esta inscrição conferiu ares lendários ao raro exemplar de baobá centenário, patrimônio tombado de Paquetá, que se encontra na praia dos Tamoios. Diante do recado, é comum ver pessoas abraçando e beijando a árvore de origem africana, que ganhou o nome de Maria Gorda e fica naturalmente “corpulenta”: os baobás costumam atingir mais de 20 metros de circunferência.

Maria Gorda

Augusto e Carolina, do romance A Moreninha
A famosa história romântica que colocou Paquetá no mapa não cita a ilha explicitamente. Mas seu enredo, sobre um amor que não acaba, é um marco do romantismo na literatura brasileira. Com narrativa de folhetim, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, bebeu da fonte de um mito indígena que diz que o destino de Aotin e Ahy, amantes separados injustamente, não pode ser mudado. Os personagens Augusto e Carolina açucaram a imaginação de muitos leitores e alçaram a ilha à condição de passeio romântico, com direito a paradas obrigatórias na Pedra da Moreninha e na Gruta dos Amores. O romance virou filme e novela de época e segue fazendo parte do imaginário da ilha.

Rolé virtual

Depois de passar por diversos endereços, o Rolé Carioca também passeia pelo mundo virtual, no seu site oficial www.rolecarioca.com.br. O endereço traz curiosidades sobre os bairros e as ruas cariocas, conteúdos históricos e os roteiros dos passeios já realizados para quem perdeu ou quem quer refazer a caminhada. Além disso, estão sendo publicados artigos, dicas culturais, entrevistas com participantes do Rolé e muitas outras novidades.

Entre os artigos de personagens de todos os cantos do Rio, estão os seguintes: Márcia e José Lavrador Kevorkian, de Paquetá; Junior Perim e Dominguinhos do Estácio falando sobre o Estácio; Alexandre Damascena e Odalice Priosti, sobre Santa Cruz; Danielle Nigromonte trazendo a visão de quem vive em Niterói, e a equipe do Museu da República, sobre o Catete. Em breve, todos os bairros visitados pelo Rolé terão conteúdos especiais como entrevistas e artigos. Mas corre lá, porque todos os roteiros já estão disponíveis.

Programação variada
Neste ano em que se comemora o 450º aniversário da fundação do Rio, o Rolé integra a programação oficial da cidade, elaborada pelo Comitê Rio450, e traz uma série de novos passeios por todas as suas regiões, reverenciando a essência carioca das Zonas Oeste, Norte e Sul, Centro, da charmosa Paquetá e até da irmã-vizinha Niterói.

Sigo de Rolé
O subprojeto “Sigo de Rolé”, para aqueles que desejam continuar curtindo o domingo após o passeio, ainda com atividades e intervenções voltadas para a região e histórias visitadas. Basta checar a programação nas redes sociais do Rolé para saber em quais passeios o público vai poder “Seguir de Rolé”.

Obs: em caso de chuva forte o passeio é adiado para o domingo seguinte.

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