Sempre que ouço um cantor-compositor ou um intérprete, sou levado naturalmente ao som de outro. Acredito que isso aconteça com muitas pessoas constantemente. Agepê – João Nogueira, Mautner – Jards Macalé, Zeca Baleiro – Sérgio Sampaio, Alceu Valença – Jackson do Pandeiro e até movimentos como a Tropicália, o Udigrudi ou o Pessoal do Ceará, estão na sequência dessa bola de neve, ou melhor, desse caldeirão de sons que encontramos no Brasil. Não quero nem me alongar, hoje, falando nos ritmos africanos, portugueses e indígenas (nativos), entre outros, com suas danças e crenças que também estão inclusos no nosso caldeirão.
A cadeia musical brasileira da verdadeira MPB, aquela que surgiu como música de protesto e que se espalhou, devido aos festivais e ao longo dos anos, defende a ideia de reflexão e de uma nova “visão auditiva”, transformada em uma interminável viagem em busca de novas experiências. Por mais fora da mídia que esteja hoje, temos que dar graças a Deus (os que acreditam) por existirem tantas produções maravilhosas no nosso país.
Isso não me afasta dos estrangeiros como Dylan e Silvio Rodriguez, como Michael Jackson e Salif Keita. Não podemos confundir as coisas e nos fecharmos em uma única experiência, como cavalos mascarados que não abrem os olhos para o novo e não buscam conhecer o desconhecido. Na verdade, se acomodam na preguiça comum de muitos, recebendo passivamente tudo que é enfiado, um verdadeiro lixo comercial.
É óbvio que o lixo comercial de uns não é lixo comercial para outros. Existe um respeito de minha parte por estarem produzindo arte e gerando empregos. Em alguns casos fico triste por essa arte ser mal aplicada à nossa juventude e levar o título, ou rótulo, de um estilo que eles não representam nem de longe. Sabemos que dessa maneira perdemos a oportunidade de conhecer muitas coisas novas.
Posso afirmar que a música de qualidade não acabou e nunca acabará, pois corre nas veias de tantos a vontade de manter essa cultura mais viva do que nunca. Quero deixar bem claro que existe qualidade em vários estilos musicais. O que precisamos é quebrar o preconceito e filtrar, absolver o que pode elevar nosso nível cultural.
Por isso digo que mesmo como atualizados, modernos e “desbundados”, que por mais que vivamos em um mundo moderno e nos sintamos avançados: “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”, ou como alguns pais.
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