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CARTA ABERTA AO Sr. LEVY FIDELIX

Na noite do domingo, 28 de setembro no debate presidencial da rede Record. O senhor Levy Fidelix (PRTB) demonstrou todo seu preconceito e ignorância ao falar da questão dos direitos LGBT´s. Esse comportamento é algo como propagação de ódio e homofobia, o que ele fez, durante o debate, não pode nem de longe, ser classificado como “liberdade de expressão” e sim a mais pura “apologia ao ódio”. Na esteira da polêmica criada, o gerente de marketing internacional Samuel Lloyd escreveu por meio do seu facebook uma carta aberta ao Sr. Levy Fidelix. Leia na íntegra a carta:


Senhor Levy Fidelix,

Obrigado por se despir ontem a noite, em rede nacional, pelo debate da rede Record. Foi elucidativo assitirmos o seu fiasco ao agir sobre pressão. Já iniciou desarmado com um “Jogo pesado ai agora hein(!), nessa ai você jamais deveria entrar”, vimos um candidato incapaz de lidar com pressões simples como uma pergunta de um debate político. Deixou cair sua máscara de “defensor da família” para mostrar sua verdadeira face neo-nazista soltando um “Vá pra Paulista e anda lá e vê, é feio o negócio!” ou pior “esses que tenham esses problemas que sejam atendidos no plano psicológico e afetivo mas bem longe da gente”. Fiquei com a dúvida se a vontade do senhor seria a de mandar todos nós para campos de concentração. Agora, as famílias brasileiras podem reconfirmar a não opção pelo seu nome como já refletem as pesquisas das intenções de voto.

Obrigado por nos deixar esclarecer melhor para todo o Brasil e ao mundo que a discussão sobre os direitos da minoria LGBT tomou um lugar de destaque nas eleições deste ano, pela primeira vez na nossa história. E, por nos dar a oportunidade de reiterar que a nossa República tem três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Por decisão deste último, baseado na nossa Constituição Federal, eu posso escrever esta carta devidamente casado com um marido, do mesmo sexo, e termos nossos direitos reconhecidos.

Obrigado por dar a chance da também candidata, Luciana Genro, esclarecer o porque, mesmo sendo reconhecido no Brasil, ainda discutimos o casamento homoafetivo. Uma vez que queremos que ele seja expresso nas nossas leis, como uma ação afirmativa e de garantia de direitos e que não fique mais sujeito a decisão de um julgamento do Supremo Tribunal Federal.

Lamentável seu discurso evidenciar também sua falta de educação básica ao dizer que “O Papa fez muito bem em expulsar do Vaticano um pedófilo” deixou claro que o senhor não entende que a Pedofilia é crime praticado por pessoas de todas as orientações sexuais e não tem absolutamente nenhuma relação com os direitos LGBT.

Obrigado por expor sua total incapacidade de entender que o Estado é Laico e o papel ao qual se candidata a assumir uma vez que não consegue delimitar a alçada de atuação de um Presidente da República. Aliás, nenhum dos três poderes da nossa república pode regulamentar o que é de foro íntimo como o sexo. Não é papel do Estado discutir como as pessoas se relacionam sexualmente, mas lamentavelmente os “fundamentalistas” insistem em estatizar esta questão.

Estamos cientes de que o “Aparelho excretor não se reproduz”, e, infelizmente, o senhor não é uma exceção a essa regra. Mas, dá ainda mais espaço para trazermos informações aos meus colegas eleitores. Há casais heterosexuais que não querem se reproduzir e são felizes assim, há aqueles que exploram todas as potencialidades do corpo humano e outros até que não fazem sexo. Há também muitos (!) casais homosexuais que não utilizam o “aparelho excretor” para se relacionar sexualmente. Mas, isso tudo não é da minha conta e nem da sua. Mais uma vez, não está no escopo do Estado discutir o que é de foro íntimo.

A reprodução humana não é uma condição do casamento civil. Talvez, este seja um dogma da sua religião. O Casamento Civil é DIFERENTE do Casamento Religioso. O Casamento Civil NÃO é um SACRAMENTO, é um contrato entre duas pessoas e o Estado, que determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

Ainda sobre o sexo, reprodução e o Estado. Garantir por lei o direito ao casamento civil às uniões homoafetivas não altera em absolutamente nada os direitos dos casais heterossexuais. Não há como “Escorar essa minoria à maioria do povo brasileiro” apenas desejamos respeito à nossa realidade. Também não será a mudança na legislação que fará com que um país de “200 milhões de habitantes se reduza a 100”. Os brasileiros são bem resolvidos acerca de sua sexualidade, o senhor tem dúvida quanto a sua? Acredita que um novo direito possa convecê-lo a dar outro uso ao seu aparelho excretor?

A hora do "sim"...

A hora do “sim”…

Obrigado, Fidelix, por nos lembrar que o Brasil é o país do sincretismo religioso, uma mistura só e deliciosa de crenças e valores. Aqui nós acreditamos em Jesus, nos Orixás, no Alcorão, no Torá, em Allan Kardec, na Kabbalah, na Astrologia, no poder dos cristais, nos campos energéticos, etc. Muitos não acreditam em absolutamente nada e outros desconfiam de quase tudo. Mas nós vivemos em harmonia sobre este quesito há muito tempo.

Finalmente, obrigado por sair do armário e trazer este importante debate junto contigo. Por me fazer lembrar de tantas coisas boas, de como sou feliz e que ainda há muito a ser feito pelos direitos da minha família, por este país e pelas pessoas de bem.

Grato,
Samuel Lloyd

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