Embarque na Viagem

Um menino humilde, filho de uma lavadeira e um garrafeiro que sofria de alcoolismo, Vascon começou a trabalhar com apenas 5 anos de idade para ajudar a mãe e, apesar das circunstâncias difíceis, nunca abandonou suas crenças e vontades, muito menos deixou de sonhar.

Numa tarde no parque, em Belo Horizonte, Vascon foi chamado por um produtor para fazer parte de um grupo de dança e aceitou. Entrou para a escola e por lá ficou até os 18 anos, quando ingressou no serviço militar. Depois, devido ao seu fascínio pela língua estrangeira juntou dinheiro, comprou passagem, recebeu o visto do Consulado Brasileiro e foi para Nova York.

Com a promessa feita a sua mãe de que só voltaria quando estivesse estabilizado financeiramente, em seus primeiros 3 meses em Nova York teve vários motivos para desistir. Passou mais de15 dias sem comer, vendia lixo para se sustentar e tomava banho em banheiros públicos para manter sua higiene em dia.

Em uma noite em que mais uma vez dormiria no Central Park, teve um sonho que simbolizou o ponto de partida para mudar de vida: viu pássaros voando que se transformavam em bolsas. Acordou assustado e encorajado. Levantou-se e começou a juntar latinhas para vender. Conseguiu 80 dólares, comprou pele de couro, tesoura, linha, agulha e conseguiu fazer 12 bolsas manuais sem ao menos ter feito um curso. Nascia ali as hoje famosas “perfect bags”.

Uma editora de moda do jornal The New York Times passeava certo dia pelo Central Park e viu as bolsas expostas, interessou-se e quis comprar todas. Mais ainda: resolveu fazer uma entrevista com Roberto Vascon, dizendo que ele seria o novo designer de bolsas do jornal.

Bastou um mês para sua vida se transformar. Direcionado por seu espírito de luta e empreendedor, em menos de um mês já estava com a primeira loja aberta e quase um ano depois com mais de sete pontos comerciais ativos. Resolveu então vender tudo o que tinha e viajar o mundo para adquirir o conhecimento que não obteve quando largou a escola, mas foi à falência. Não teve outra escolha se não voltar ao Brasil para recomeçar seu trajeto.

Foi ouvindo essa história repleta de percalços que Elias Awad foi instigado a escrever a biografia de Roberto Vascon, e após muitas conversas com ele concluiu: “quanto mais nos encontrávamos maior a certeza de que ali havia alguém disposto a abrir o coração e fazer de sua história um instrumento de inspiração e motivação”.

“Vascon foi nobre na pobreza e humilde na riqueza, por isso, soube se adaptar em cada uma das fases de sua vida sem perder o charme, elegância, bom gosto e educação. Esse é o mago do couro! Sim, é aquele que sonhou com pássaros em formato de bolsas e hoje faz verdadeiros milagres com esses modelos”, explica o biógrafo emocionado com a obra.

Muito mais do que acreditar, Vascon correu em busca de seu sonho, nunca teve nada de mão beijada. Para chegar ao patamar em que se encontra hoje, batalhou com foco e determinação, perdeu e ganhou dinheiro e pôs em prática todo o seu auto-conhecimento. Sobre o caminho que resolveu seguir, Vascon comenta: “admiro ainda os pássaros e suas asas da liberdade. Asas que levam e trazem, que protagonizam chegadas e partidas”.

Com isso, o autor do livro faz aponte entre o dono da história e o leitor que quer conhecer quais lições são necessárias para mudar sua trajetória de vida pessoal e profissional. Vascon inspira a ter vontade de vencer na medida certa, determinação e amadurecimento precoce, características e qualidades que nunca envelhecem e são às exigências do mundo moderno. Por tudo isso, a obra auxilia o leitor a se aprimorar e vem a ser um livro não de auto-ajuda, mas de auto-soluções.

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