A mostra “Os céus como fronteira: a verticalização no Brasil” será inaugurada nesta segunda, dia 10 de junho, na Estação Carioca, Metrô Rio, reunindo mais de 70 fotos que contam a história do processo de verticalização de seis cidades brasileiras, incluindo o Rio de Janeiro. Os cariocas poderão conhecer um pouco mais sobre como se deu o crescimento vertical no Rio e em todo mundo, entender a importância do elevador como uma das grandes invenções do século 19 e descobrir histórias e curiosidades organizadas em 11 grandes painéis.
Histórias curiosas como o Edifício Martinelli, de São Paulo, que por um sonho de seu proprietário, transformou-se, em 1929, no maior edifício do mundo em concreto armado, ou o medo dos americanos no início do século XX com as alturas do Epire State Building e Tower Building: ninguém queria alugar as salas mais altas por medo de que os prédios fossem desabar.
Na exposição, o carioca poderá descobrir também, dentre outros dados históricos, que o primeiro elevador foi criado em 1853 pelo norte-americano Elisha Graves Otis. Sua importância histórica está no fato de ter construído um sistema de freios, solucionando o problema de segurança nesse tipo de transporte.
Abordagens sobre a história do elevador no mundo e no Brasil, aliadas às influências arquitetônicas recebidas em nosso país da Europa e Estados Unidos, emolduram a verticalização de seis capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Brasília, escolhidas por suas peculiaridades e por abrigarem os maiores arranha-céus do país.
Histórias curiosas:
A verticalização do Rio ocorreu ao mesmo tempo no centro e no bairro de Copacabana, sobretudo com prédios residenciais: no início da década de 1920 os primeiros edifícios altos, como o Edifício OK, já despontavam junto à Av. Atlântica. Esse processo se intensificou ao longo do século 20, culminando na grande muralha de arranha-céus que quase ofusca o sol das areias de Copacabana, uma das praias mais incensadas do mundo.
Cinelândia foi o nome dado ao conjunto de edifícios construídos no trecho mais nobre e cobiçado da Avenida Central, cuja extremidade sul já ostentava o Teatro Municipal, inaugurado em 1909. Em meados da década de 1920 começaram a surgir ali, na Praça Floriano, os primeiros “arranha-céus”: Glória, Natal, Capitólio e Fontes, todos com cinema no térreo.
Inaugurado em 1929, o edifício do jornal A Noite era um colosso de concreto armado dominando a homogênea paisagem carioca. Assim como ele, a Torre da Estação Pedro II da Estrada de Ferro Central do Brasil, construída em 1937, privilegia o estilo arquitetônico de inspiração Déco.
Durante a gestão do Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, uma equipe de arquitetos, dentre eles Oscar Niemeyer, desenvolveu um projeto com novos elementos: pilotis, fachada de vidro, uso de brise-soleil, volume puro e alto, isolado no quarteirão. Por suas características arquitetônicas inovadoras e arrojadas, o edifício do MES tornou-se a referência inaugural da moderna arquitetura brasileira.
SERVIÇO: Exposição “Os céus como fronteira: a verticalização no Brasil”
Local: Estação Carioca do Metrô Rio – Centro
Entrada Franca
Até 10 de julho de 2013
O projeto patrocinado pela Elevadores Atlas Schindler e realizado pela Grifo Editora, contou com o apoio da Lei de Incentivo à Cultura e, no Rio de Janeiro, com a parceria do Metrô Rio.
Autores: Paulo César Garcez Marins, Zuleika Alvim, Isabel Raposo, Nadia Somekh, Lilian Fessler Vaz, Roberto Segre, Leonardo Barci Castriota, Carlos Eduardo Comas, Guilah Naslavsky, Sylvia Ficher e Ricardo Trevisa.
Em São Paulo um dos edifícios ícones da cidade, o Martinelli, teve uma história sui generis. Seu proprietário, o Comendador Giuseppe Martinelli resolveu construir o maior prédio, não só do país, mas da América do Sul. O projeto teve início em 1924 e foi feito para ter 14 andares, mas a megalomania do Comendador não podia suportar a ideia, de não construir o maior arranha-céu da América do Sul. Em 1928, um novo projeto o elevou para 20 andares , mas Martinelli, acrescentou por conta própria mais quatro, além de uma verdadeira mansão na cobertura que o elevou para 30 andares.
Tudo isso, evidentemente foi acompanhado de uma verdadeira batalha entre engenheiros, construtores, denúncias nos jornais, falências, críticas e, mais do que tudo, medo da população que o prédio desabasse.
Nada adiantou, em 1929, o sonho do Comendador se realizou e ultrapassou suas expectativas, pois além de mais alto da América do Sul, ele foi o mais alto do mundo feito em concreto armado, técnica que diferenciou muito a verticalização do país dos Estados Unidos, onde a estrutura dos prédios eram construídas com ferro. O gigante, que se espelhou em grande parte no Hotel Hilton de Chicago, chegou ao fim com 30 andares, 960 salas, 247 apartamentos e 2.133 janelas.
Ainda em São Paulo, cuja exteriorização de status até os anos 1940 era morar em casas confortáveis , a construção do Edifício Esther, na Praça da República, em 1939, cuja proposta apresentava um novo conceito de moradia, foi vista como um absurdo. A classe média o via como um ”cortiço vertical” e o acusavam de exaltar a promiscuidade. Até a insalubridade para as crianças que morariam em prédios veio à baila.
Só foram morar no prédio personalidades, cujo convício com a Europa e Estados Unidos era intensa como: Di Cavalcanti, Noêmia Mourão, Antonio Marcelino de Carvalho Filho, jornalista e colunista social, entre outros. O que se diria disto nos dias atuais?