Por Eduardo Shinyashiki
Um estudo recente, realizado em conjunto por duas universidades alemãs – Darmstadt e Humboldt-Berlino, identificou um sentimento de inveja desenfreado no Facebook, a maior rede social do mundo, que já tem mais de um bilhão de usuários e funciona como uma plataforma inédita para comparações sociais.
Os pesquisadores descobriram que um em cada três internautas se sentiu pior ou mais insatisfeito e infeliz com a própria vida depois de visitar o site de relacionamento, sendo as pessoas que navegaram sem contribuir as mais afetadas. Os resultados mostraram também que fotografias de férias foram a maior causa de ressentimento, com mais da metade dos incidentes de “dor de cotovelo” provocada por imagens de viagens. A interação social, por sua vez, foi o segundo motivo mais comum.
Por mais simples que possam parecer, essas descobertas merecem uma séria reflexão. A inveja é consequência da frustração e pode se manifestar quando almejamos o que o outro tem ou desejamos que ele perca o que conquistou, sendo sua raiz o desequilíbrio da autoconfiança. Como já dizia Siddharta Gautama (Buda), aquele que inveja os outros não tem paz, pois o sentimento, em si, comporta questões negativas, e mesmo senti-la não é prazeroso, mas dolorido. Na tentativa de recuperar um pouco de autoestima, a pessoa invejosa desvaloriza e critica a quem percebe como melhor que ela, diminuindo o valor dos outros.
Os primeiros passos para superar esse pecado capital são parar de se comparar continuamente e reconhecer as próprias características únicas e específicas, não classificáveis com base na existência dos outros. O autoconhecimento é fundamental para fortalecer a confiança em si mesmo e o amor próprio, repelentes naturais para sentimentos vazios como a inveja.
Por conta disso, a falta dessas qualidades paralisa a iniciativa, a ação e nos faz sentir impotentes diante da vida, incapazes de enfrentar as limitações e de evoluir. Mas quando a vontade de mudar está presente e o desejo de transformar os medos e as inseguranças supera a condição de estagnação, algo começa a se modificar profundamente dentro de nós, e começamos a jornada para fazer diferente.
Mesmo sem fórmulas prontas, acredito que algumas atitudes merecem atenção e podem ser trabalhadas para aumentar a segurança em si mesmo:
– Fortaleça as suas habilidades. Não precisamos ser igual aos outros para sermos realmente felizes e satisfeitos. Na verdade, precisamos ir ao encontro de nós mesmos, da nossa originalidade e autenticidade;
– Cuide da sua atitude mental: foque seus pensamentos em direção ao positivo e nas soluções, não nas dificuldades e problemas;
– Lembre-se do poder e da força de ter objetivos definidos e claros;
– Crie ações para realizar seus objetivos, organize recursos e tempo, pois a cada resultado alcançado, vivemos uma experiência de sucesso, consolidando, assim, a autoconfiança e fortalecendo a personalidade.
Nessa reflexão, fica claro que o sentimento da inveja nasce primeiramente dentro da alma humana e, não, do popular social network. Por esse motivo, o caminho do autoconhecimento é a chave para nos tornarmos mental e emocionalmente mais fortes e conscientes de que somos seres criativos e realizadores, capazes de moldarmos a realidade por meio de nossas escolhas.
Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacional, escritor e especialista em desenvolvimento das Competências de Liderança e Preparação de Equipes. Presidente da Sociedade Cre Ser Treinamentos, colabora periodicamente com artigos para revistas e jornais. Autor dos livros: Viva como Você Quer Viver, A Vida é Um Milagre e Transforme seus Sonhos em Vida – Editora Gente. Para mais informações, acesse www.edushin.com.br.