Se você está lendo este texto para saber informações sobre como dançar tango ou coisa parecida, pode esquecer.

Desde pequena sou muito ligada a dança. Comecei com balé clássico como quase toda menina e ao longo do tempo fui mudando e misturando os estilos. Passei pelas várias influências da minha família e fiz dança Cigana, dança Flamenca, dança do Ventre e até me arrisquei na dança Afro. Me apresentei por algum tempo com minha dança até que minha coluna crocante não me permitisse mais tanta dança. Mas e o Tango? Esqueça. O Tango é uma gigantesca frustração na minha vida. A gigantona aqui não é capaz de mais de três ou quatro passos de Tango antes de virar atração cômica no salão. Portanto, se você não pretende se encher de vergonha alheia ou até mesmo ter uma síncope de risadas, jamais me convide para dançar um Tango.  Agora você consegue imaginar o sofrimento que é para mim toda vez que vou á uma casa de Tango nas tantas viagens que faço á Argentina? E o pior é que sou extremamente masoquista já que toda vez que vou para Buenos Aires, eu vou a uma Casa de Tango diferente e claro, fico na cadeira me contorcendo de vontade para me levantar e sair bailando pelo salão… aí eu acordo e volto à realidade. Quietinha Naira, quietinha…

E por que raios eu estou escrevendo sobre o Tango então? Simples minha gente: hoje é comemorado o Dia do Tango lá na minha querida Argentina. E porque dia 11 de dezembro? Em homenagem ao homem que mais propagou o Tango no mundo e faleceu muito precocemente em um acidente de avião com toda sua orquestra. Estou falando de Carlos Gardel. Certamente você já ouviu falar dele.

O Tango nasceu como tantas outras danças populares, nos guetos, entre os grupos menos favorecidos da antiga Buenos Aires e era comumente dançado entre prostitutas e é uma dança que mistura até hoje uma força sensual, trágica e cênica. Sofreu influências e teve suas variações com outros compositores e maestros.  Os mais famosos e responsáveis por algumas dessas variações são Carlos Gardel, Juan D’Arienzo, Ástor Piazzolla e Julio Sosa (não necessariamente nesta ordem), vale lembrar que Gardel foi o grande responsável pelo “boom” do Tango pela Europa ao levar o ritmo sensual latino para os cabarés e casas de espetáculos.

Hoje o Tango possui variações ainda maiores e algumas destas modificações foram responsáveis por trazer os mais jovens para as pistas como no caso do Tango eletrônico do Gotan Project e Bajofondo, entre outros.

O Tango já foi fonte de inspiração em muitos filmes e espetáculos pelo mundo. Quem não conhece a antológica cena de Al Pacino no filme Perfume de mulher?

Não importa qual o estilo de Tango, desde que haja Tango. Tradicional, marcado, coreografado, moderninho, livre… que seja o tão belíssimo e envolvente Tango.

Portanto, hoje, como profunda admiradora do Tango não poderia deixar de prestar minha singela homenagem á esta que é uma das mais expressivas danças com seus “cortes” e “quebradas” que tanto envolve á todos nós. Parabéns Carlos Gardel. Parabéns ao Tango!!