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O fim de uma história. O Olímpico se vai.

Uma das paixões dos brasileiros é o futebol, e no jogo de despedida do Olímpico, a torcida do Grêmio estava tão emocionada e pulsante que contagiou aos torcedores mais apaixonados de diversos clubes, eu que já tive a oportunidade de trabalhar no estádio, e mesmo para quem já estava acostumado a frequentar diversos estádios pelo país, estremeci as pernas quando assisti a avalanche tricolor pela primeira vez ao vivo e desta vez fiquei novamente estremecido ao assistir a Super Avalanche no jogo de despedida. Segue abaixo o texto do Marco de Vargas, locutor esportivo do canal Fox Sports, e suas recordações de um templo que virou símbolo do futebol gaúcho e brasileiro.

Sou gaúcho de nascimento, orgulhosamente filho de uma mãe gremista e de um pai colorado.

Jamais frequentei qualquer estádio de futebol na companhia dos meus saudosos pais, embora os frequente já há um tempo considerável e desejasse tê-lo feito na companhia de ambos.

Lembro-me bem do tempo em que, ainda garotinho, imaginava pelas ondas do meu inseparável rádio como deveria ser estar lá, no meio da multidão, naqueles estádios gigantescos, cheios de gente e de história.

Minha paixão pelo esporte – e pelo futebol – foi diretamente influenciada pelos meus pais, que gostavam e falavam muito sobre o assunto, além de ouvir tanto quanto através do rádio, um companheiro inseparável noite e dia.

Pois o 02 de dezembro de 2012 tornou-se um dia diferente para um dos estádios que povoaram a minha imaginação enquanto ouvia narradores elétricos metralharem palavras emocionadas sobre as peripécias de um time diante de milhares de torcedores eufóricos.

Trata-se do velho Olímpico Monumental, em cujas dependências time e torcida viveram algumas das maiores glórias do Grêmio ao longo de mais de 50 anos.

Inaugurado em 1954, o estádio foi concluído apenas em 1980, tornando-se um símbolo para o futebol brasileiro.

58 anos depois de sua inauguração, o Olímpico, incrustado no coração da Azenha, recebe pois o seu último jogo oficial, às vésperas da inauguração da Arena Grêmio, a moderníssima nova casa do tricolor gaúcho.

No Olímpico, time e torcida viveram algumas das maiores glórias do Grêmio por mais de 50 anos

Recordo-me com carinho do domingo ensolarado de primavera em que, entusiasmado, juntei alguns ralos trocados que estavam guardados a sete chaves e mais algum emprestado por papai depois de um longo papo de convencimento para ir com alguns amigos assistir ao meu primeiro jogo na arquibancada cinzenta do lendário estádio: era uma visita do afamado Flamengo de Zico a Porto Alegre, que despertava o interesse de qualquer amante do esporte bretão. O jogo terminou empatado sem gols, mas isso foi o que menos importou. Garoto, saí de lá impressionado e deslumbrado pela dimensão do estádio cheio de gente, de vozes, de energia, de vida pulsante.

Foi a minha primeira vez em um estádio de futebol.

Anos mais tarde, já profissional da comunicação, foi no Olímpico que realizei a minha primeira transmissão radiofônica como narrador, num empate também sem gols entre Grêmio e Goiás, não num domingo, não numa primavera, mas numa quarta-feira de inverno à noite.

Lembro que minha mãe, Dona Irene, apaixonada por futebol mas debilitada demais para grandes peripécias por conta das suas enfermidades, tinha como um de seus desejos permanentes ir um dia assistir a um jogo no ‘seu’ Olímpico. E lembro também que ela se foi sem tem conseguido realizar esse sonho tão singelo.

Pois agora é o Olímpico que se vai. E com ele se vão recordações, lembranças e um pouco da história de um templo que virou símbolo do futebol gaúcho e brasileiro.

Ficarão vivas as lembranças de que ali, naquele gigante de concreto da Azenha, escreveram-se páginas inesquecíveis de conquistas, glórias e também frustrações de alguns times, algumas torcidas e de alguns apaixonados pelo futebol assim como eu.

Sentirei saudades.

Marco de Vargas
Narrador da FOX Sports – www.foxsports.com.br/blogs/marco-de-vargas
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Marco de Vargas é viciado em comunicação e esportes há pelo menos trinta anos. Teve sua base profissional no rádio esportivo e está na televisão desde 2006, quando se apaixonou pelo veículo narrando futebol e outros esportes por intermédio da RBS TV na TVCOM, SporTV e Premiere. Atualmente faz uso do bordão “É rede!” como narrador exclusivo do FOX Sports no Brasil.
Foto: Arena / Fox Sports

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