Neste fim de semana tive a oportunidade de dar uma rápida passada por uma das descobertas arqueológicas recentes na Cidade Maravilhosa que fazem parte do Projeto Porto Maravilha: o Cais do Valongo, que foi construído em 1811 para o desembarque e comércio de africanos escravizados. Em 1843, foi remodelado e rebatizado de Cais da Imperatriz. Em 1911, foi aterrado e deu lugar à Praça do Commercio. Em 2011, durante as obras do Porto Maravilha, o local foi redescoberto, preservado e exposto à população.
Nem vou dizer que fiquei como criança em festa infantil, rindo á toa. Mais que rapidamente aquelas lembranças danadas de boas, da época que trabalhava como Guia de Turismo me vieram á mente. Uma das regiões que mais me fascinava, desde sempre, era justamente a zona portuária e naquela época estava totalmente abandonada, largada e imunda. Hoje, sinto um baita orgulho em passar por ali e perceber tamanha evolução. O Morro da Conceição que fica logo ali coladinho é outro lugar que me identifico totalmente.
Mas voltando ao Cais do Valongo, por total falta de tempo ainda não havia passado por lá para ver a nova descoberta arqueológica. Foi então que me deparei com um “pedaço” de terreno rebaixado com pedras antigas e grandes (não sei o nome específico destas pedras) e constatei que mais um pedaço de nossa história estava ali, diante de meus olhos já marejados. Exagero?? Para alguns, pode até parecer, mas para quem como eu é apaixonado por história e por novas descobertas, é uma emoção real e inevitável. Sacamos nossas câmeras fotográficas e tiramos algumas fotos rapidinho para não nos atrasarmos para o Salão de Turismo.
Claro que iremos voltar com calma, ainda mais agora que senti o gostinho, quero muito passar alguns momentos mais “íntimos” nestas novas descobertas da região e obviamente, depois contarei tudo para vocês. Afinal, a zona portuária está em total processo de recuperação e outras descobertas super importantes foram feitas naquela região.
Por uma questão de ajudar a propagar um pouco mais sobre a descoberta, fiz um apanhado sobre a região e coloco aqui abaixo para que possam saber um pouco mais.
No Rio de Janeiro, nos últimos anos, foram descobertos sítios arqueológicos importantíssimos que contam a história da escravidão no Brasil. Foram encontrados por acaso, durante escavações para obras. Um deles é o Cais do Valongo, onde pelo menos 1 milhão de escravos passaram, de 1758 a 1831. Este que foi o maior entreposto comercial, distribuía os escravos para Minas Gerais, para a mineração, depois para Campos dos Goytacazes, para trabalharem na lavoura da cana de açúcar.
Em 380 anos de escravidão, o Brasil absorveu cerca de 40% do total de negros traficados pelo Oceano Atlântico. O país foi o último do Continente Americano a abolir a escravatura (1888). “Foi um ciclo de horrores, de um sofrimento indizível”, “O tráfico desumanizou as pessoas; precisamos contar essa história para reumanizar”, defende o presidente da Fundação Palmares, Elói Araújo. Segundo ele, iniciativas como o reconhecimento das rotas da escravidão “rompem o silêncio” e estabelece um diálogo entre “quem sente culpa” (os países escravistas) e “quem tem vergonha” (os países africanos de onde saíram os escravos) e abre a possibilidade de “interação” e “troca cultural”. Segundo ele, “é preciso entender o passado para compreender o presente e para fazer o futuro”.
Trechos retirados da Agência Brasil
Cais do Valongo (Av. Barão de Tefé – Praça Jornal do Commércio – Saúde)
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