Há alguns dias atrás, vi uma reportagem muito interessante no JH sobre a descoberta de um novo sítio arqueológico em algumas escavações na região portuária da cidade do Rio de Janeiro. Confesso que sou uma apaixonada por história e cada vez que algo novo surge, fico vibrando. Sendo assim, achei que seria bem legal divulgar aqui no Embarque na Viagem o link da reportagem exibida na íntegra para quem não teve a oportunidade de assistir. Abaixo coloquei também o texto da reportagem. Aproveitem!
No Rio de Janeiro, a área do porto está em obras para a Olimpíada de 2016. Nesse trabalho, arqueólogos se juntaram aos peões, porque um capítulo importante da história do Brasil está enterrado ali. Veja na reportagem de André Curvello, Leandro Cordeiro e Rogério Lima. (link acima)
Era para ser só uma obra na casa de Dona Mercedes e do Seu Petrúcio, mas bastou cavar para descobrir ossos humanos. Estava ali o cemitério dos pretos novos, como eram conhecidos os africanos recém-chegados ao Brasil. A novidade, recém-descoberta, é que no cemitério havia espaço de menos para mortos demais.
“Todo mundo junto, em covas possivelmente coletivas e esses ossos estão espalhados pelo terreno”, explica o arqueólogo Reinaldo Tavares.
Alguns ossos foram para o laboratório da Universidade de Brasília. Com uma pequena quantidade do pó retirado dos dentes, os pesquisadores vêm descobrindo o que essas pessoas comiam, onde viviam.
A casa onde foi encontrado o cemitério dos pretos novos fica na Zona Portuária do Rio. Era a pouco mais de 500 metros dali que os escravos desembarcavam.
A área, que parece só um grande canteiro de obras, revela camadas históricas. A mais profunda delas diz muito sobre a escravidão no Brasil. O Cais do Valongo foi construído em 1811. Lá funcionou o maior porto de entrada de escravos de todo o continente americano.
De 500 mil a 1 milhão de escravos chegaram ao Brasil por este cais. Muitos eram crianças, como mostra a foto no vídeo, tirada de dentro de em um navio negreiro que chegou ao Rio no século XIX.
Quanto mais as máquinas avançam e as pás cavam, mais vestígios são encontrados. Os búzios, as contas, as miçangas e os anéis eram mais do que adereços: cumpriam papel de amuletos de proteção, nos quais os escravos depositavam a última esperança.
“Isso constitui a herança deles para os seus descendentes, a herança deles para a posteridade. Eles falam através desses objetos”, avalia a arqueóloga Tânia Andrade.