Descubra os templos megalíticos de Malta e Gozo, construções com mais de 5 mil anos, rituais ancestrais, arte pré-histórica e o patrimônio arqueológico mais fascinante do Mediterrâneo

Nada menos do que sete complexos de templos megalíticos com estruturas que datam da Idade do Bronze podem ser encontrados nas ilhas de Malta e Gozo, oferecendo uma experiência única para quem se interessa por história, arqueologia e mistérios antigos. Os Templos Megalíticos de Malta — Ġgantija, Ħaġar Qim, Mnajdra, Skorba, Ta’ Ħaġrat e Tarxien — são monumentos pré-históricos erguidos entre o 4º e o 3º milênio a.C.. De excepcional valor universal, estão entre as primeiras construções autônomas de pedra do mundo e impressionam pela diversidade de formas e ornamentações.
Cada um desses templos é uma obra-prima arquitetônica singular e testemunha de uma cultura pré-histórica avançada, reconhecida por suas realizações artísticas, tecnológicas e simbólicas. Estudos indicam que os templos foram construídos há cerca de 5 mil anos, o que os torna mais antigos que as pirâmides do Egito e até mesmo que o famoso Stonehenge, na Inglaterra.
No sul da ilha, a cerca de 15 km de Valletta, capital de Malta, encontram-se os templos de Ħaġar Qim e Mnajdra, que sofreram menos interferência do tempo e permanecem em notável estado de conservação. Os dois fazem parte de um mesmo complexo arqueológico e estão separados por uma curta caminhada. Em Ħaġar Qim, está um dos maiores megalitos de Malta, uma pedra com 5,2 metros de altura, impressionante pelo tamanho e pela precisão do corte.
O formato do templo, a presença de altares e as ossadas de animais encontradas em seu interior levam os arqueólogos a crer que ali eram realizados rituais religiosos. Durante as escavações, foram descobertas estatuetas femininas robustas, o que sugere que o templo pode ter sido dedicado à divindade da fertilidade, um culto comum nas sociedades agrícolas da época.
Já o Mnajdra, construído com pedra calcária mais próxima da falésia, tem como principal característica o alinhamento com os astros. A luz do sol penetra o templo através de uma pequena abertura na sala principal durante os solstícios de primavera e outono, revelando o conhecimento astronômico dos antigos malteses e sua conexão com o ciclo das estações.
Os templos de Tarxien, por sua vez, são considerados os mais recentes e melhor preservados de Malta. Em seu interior, foram encontrados objetos cortantes, conchas e ossos de animais, evidências de que o local era usado em rituais funerários e sacrifícios simbólicos. As figuras, colunas e relevos decorados com espirais e animais foram cuidadosamente preservados e hoje podem ser vistas no Museu Nacional de Arqueologia, no centro de Valletta, uma visita que complementa perfeitamente o passeio pelos sítios arqueológicos.
Os sete templos megalíticos encontrados nas ilhas de Malta e Gozo refletem diferentes etapas de desenvolvimento cultural e são obras-primas da arquitetura pré-histórica, especialmente se considerarmos os recursos limitados disponíveis para seus construtores. As pedras foram extraídas localmente, com o uso do calcário coralino duro nas paredes externas e o calcário globigerina, mais macio, nas áreas internas e protegidas.
Os elementos decorativos presentes nesses edifícios revelam um alto nível de habilidade artesanal, com painéis perfurados, relevos espirais e motivos inspirados em árvores, plantas e animais. A disposição dos espaços e os artefatos encontrados em cada um sugerem que esses templos eram centros rituais de uma sociedade altamente organizada e espiritualizada.
Em Gozo, destaca-se uma preciosidade: o Parque Arqueológico de Ġgantija, um monumento pré-histórico considerado uma das construções humanas mais antigas do mundo. Situado no planalto de Xagħra, o complexo é formado por duas estruturas erguidas entre 3600 e 3200 a.C., com megalitos que chegam a 50 toneladas. Mesmo com o passar dos milênios, o local mantém um excelente estado de conservação.
Os construtores neolíticos de Ġgantija utilizaram dois tipos de calcário local, o coralino, mais resistente, usado nas paredes externas, e o globigerina, mais maleável, reservado a portais e altares internos. No sítio, foram encontrados ossos de animais, lareiras de pedra e buracos escavados no chão que possivelmente eram usados para oferendas líquidas. Acredita-se que os rituais aconteciam na parte externa do templo, em um grande pátio cerimonial cuidadosamente planejado.
A visita ao Parque Arqueológico de Ġgantija começa por um Centro de Interpretação moderno, que apresenta artefatos neolíticos, painéis explicativos e uma narrativa envolvente sobre a vida e os costumes daquele período remoto.
Outro destaque imperdível é o Hipogeu de Ħal Saflieni, o único templo subterrâneo pré-histórico conhecido. Escavado por volta de 2500 a.C., o hipogeu é um labirinto de câmaras localizado em Paola, no sudeste de Malta. Inicialmente usado como santuário, acabou se tornando uma necrópole em tempos pré-históricos. Com seus 500 metros quadrados, o local impressiona por sua complexidade e foi uma das primeiras inscrições maltesas na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, em 1980.
O sítio é formado por duas estruturas interligadas e apresenta paredes rebocadas e pintadas com ocre vermelho, o que indica uma rara preocupação estética. Por ser um espaço delicado e de preservação restrita, o Hipogeu de Ħal Saflieni possui limite diário de visitantes, e por isso é altamente recomendada a compra antecipada dos ingressos.
Estando em Malta, é possível visitar por conta própria os principais sítios arqueológicos ou optar por pacotes guiados oferecidos por agências locais especializadas. Cada templo guarda um fragmento da história humana, um passado que ainda hoje ecoa nas pedras e no silêncio dessas construções milenares.
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