Por: Rodrigo Champoudry
Quando se fala em belas cidades, logo nos vem à cabeça grandes centros urbanos como Nova Iorque, Paris, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Tóquio, entre outros. Mas existe uma pequenina cidade chamada Colmar, localizada na região da Alsácia, que figura entre as mais lindas do mundo. Para se ter uma ideia, parece que ela surgiu de um conto de fadas após um feitiço de magia que a trouxe ao mundo real.
Chegamos em Colmar de trem, partindo de Estrasburgo, depois de 45 minutos de viagem. De lá andamos pela cidade. O centro fica bem próximo da estação, mas nos perdemos no caminho e um simpático morador fez questão de não só indicar o caminho, como levar a gente até a região onde se concentra as principais atrações da cidade.
A cada esquina você se encanta com algo. Não há um grande ponto turístico, a cidade em si já é uma pintura de Claude Monet. As cores, arquiteturas e paisagens refletem belezas e fofuras incondicionais em cada detalhe. Sim, eu disse fofura. Colmar parece uma casinha de boneca, daquelas que minha esposa brincava quando criança.
Bucólica, delicada, pitoresca, rústica, linda… por mais que eu busque, não há adjetivos que possam descrever a beleza de Colmar. Tudo parece cenográfico de tão perfeito. As ruas calcetadas são repletas de edifícios coloridos de enxaimel medievais e outros do início da Era Renascentista que dividem espaço com igrejas góticas, como a Saint-Martin, datada do século XVIII. Assim como Estrasburgo, as janelas e sacadas possuem flores coloridas, algumas exalam um cheiro inebriante.
Neste texto, eu poderia falar que você deve ir a La Petite Vanise (pequena Veneza), fazer um passeio de gôndola; tirar fotos na Maison Pfister, um palacete construído em 1537, considerado uma joia francesa; conhecer a Rota dos Vinhos; visitar o Museu d’Unterlinden, que possuí um acervo de arte da Idade Média Alta e do período da Renascença; ou mesmo o Museu Bartholdi, residência de Auguste Bartholdi, escultor francês que criou a Estátua da Liberdade. Mas não. Se você está lendo este texto, você não vai ver dicas e sim experiências.
Em toda a parte, você encontra uma lojinha de doces típicos da Alsácia, se preferir pode chamar de patisserie ou chocolaterie para não perder a “chiqueza”. Enfim, quaisquer lojinhas dessas, você pode parar e escolher o que você puder carregar. Se jogue sem dó nem piedade. Esqueça o regime. Um exemplo é a Patisserie Lorber, só tome cuidado para não sair de lá pobre, ou pior, com diabetes, pois você vai querer comprar de tudo. Haja fígado para tanto açúcar. Minha dica, além dos chocolates, claro, são os macarons da Alsácia (diferentes dos clássicos macarons parisienses que já conhecemos). Os macarons de lá são biscoitos macios com uma massa que lembra um financier, porém consegue ser ainda melhor. Uma verdadeira perdição!
Há também o Marché Couvert, um mercado com quiosques que vendem desde flores, até comida. São frutas frescas, geleias, mel, embutidos, frios, queijos, linguiças, especiarias, pães e brezels variados, doces ou salgados (também conhecido como pretzel).
Como em toda Alsácia, há o encontro entre delícias francesas e alemães. Ainda falando de doces, você encontra mille feuille (nosso mil folhas) e éclairs (conhecida por aqui como bomba) lado a lado com bredeles, pequenos biscoitos amanteigados e kugelhopf, um bolo coberto de frutas secas. Já que seus níveis de açúcar chegaram à estratosfera, vamos equilibrar as coisas falando de comida salgada.
Demos uma pausa para almoçar em um restaurante premiado localmente especializado na clássica culinária alemã, o Bartholdi, nome inspirado no escultor Auguste Bartholdi. De entrada, pedimos Sülze, uma gelatina com carne de porco e legumes. Achamos esquisito, não era apetitoso, mas até que gostamos da comida. De prato principal pedi uma linguiça com chucrute e um Spätzle, uma massa alemã, comum também na Áustria e Hungria.
Para finalizar, Colmar atinou em mim um desejo de conhecer locais remotos, bucólicos, onde não há tumulto, nem fluxo exagerado de turistas. Ok, sou um turista, mas não me considero aquele típico turista que quer ver o máximo de locais possíveis em um pequeno intervalo de tempo. Penso diferente. Eu não me importo com pontos turísticos, eu aproveito a cidade em si.
Rodrigo Champoudry, jornalista, professor, escritor e sonhador, é um amante de gastronomia, vinhos, literatura, e claro, viagens. Seu destino preferido é sempre a próxima viagem. Na companhia de esposa e filho, ele desbrava o mundo, pelo menos para onde consegue pagar. Comer, beber, se perder e depois escrever é o objetivo das viagens.
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