A Cidade do Cabo, na África do Sul, poderia ser facilmente chamada de Rio de Janeiro da África do Sul, tamanha é sua semelhança com a cidade brasileira. Aliás, ela está para a África do Sul como o Rio de Janeiro está para o Brasil: é a cidade maravilhosa deles, a conjunção perfeita entre prédios e praia, montanhas e mar, vida ao ar livre e vida cultural das mais intensas. Considerada uma das cidades com melhor qualidade de vida no mundo, a Cidade do Cabo tem até sua montanha ícone, a Table Mountain, onde ao topo onde você chega adivinha de que? É isso mesmo, de bondinho!
Aos pés da Table Mountain (um platô de 1086 metros de altura que, bem, tem a forma de uma mesa), a Cidade do Cabo (Capetown) esparrama-se preguiçosamente e com graça rumo ao mar. A cidade é mesmo é um eterno convite à vida outdoor.
Seus bairros ajudam a contar parte de sua história. Bo-Kaap, com suas casas coloridíssimas, é o reduto muçulmano, criado no século 18 com a construção da primeira mesquita do país. Tamboer Skloof e Muizemberg narram a colonização inglesa através de seus lindos sobrados vitorianos. City Bowl, o coração comercial da cidade, revela traços da colonização holandesa em monumentos como o Castle of Good Hope (Castelo da Boa Esperança), do século 17. Não bastasse todo esse cenário espetacular, a Cidade do Cabo é ainda cercada de belos motivos para escapadas curtas: Boulders Beach, a famosa praia dos pinguins; os premiados vinhedos da região de Stellenbosch; e o Cabo da Boa Esperança, um belo parque natural à beira-mar.
O tal “cabo” da cidade é o da Boa Esperança, aquele que a gente conhece muito bem dos livros sobre a história das navegações. Ele também é conhecido como “Cabo das Tormentas”, por conta da tamanha violência de seu mar. Aliás, é aqui que o Oceano Atlântico, de um lado e o Oceano Índico, do outro se encontram formando ondas monstruosas e assustadoras até mesmo para os mais experientes navegadores.
Um pouco da história e cultura
É impossível botar os pés no continente africano sem se envolver minimamente com a história. No caso da África do Sul, ela passa necessariamente pela colonização europeia (sobretudo de holandeses e ingleses) e pelo apartheid. Na Cidade do Cabo essas marcas estão evidentes nas ruas: o passado colonial se faz presente na arquitetura, nas artes e no estilo de vida, que se mescla à bagagem cultural africana, resultando em uma mistura única. Exemplo dessa herança é o Castelo da Boa Esperança, fortaleza típica holandesa. A respeito do apartheid, que se encerrou há mais de duas décadas, é imperdível conhecer o District Six Museum . Antes de entrar, vale saber: em 1966, o bairro do District Six era um importante centro cultural declarado área de brancos. Mais de 60 mil negros foram expulsos, e, suas casas, demolidas. O museu narra justamente a história dessas pessoas, com fotografias, objetos, áudios e vídeos.
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Na Ilha de Robben, que serviu de confinamento para presos políticos durante mais de três séculos, Nelson Mandela esteve preso por 18 anos. O lugar agora virou um ponto turístico. Fica em Table Bay e é possível ir em barco a partir do V&A Waterfront, em tour organizados que podem durar até 3 horas.
A liberdade de expressão aparece como um dos quesitos mais cultuados na Cidade do Cabo, considerada o reduto e inspiração de artistas de todo o continente africano. O pensamento aberto e liberal da população abre espaço ao público LGBT, que se sente em casa na cidade. O casamento entre pessoas de mesmo sexo, por exemplo, é permitido legalmente na península.
O que fazer na Cidade do Cabo
Comece visitando o postal máximo, a Table Mountain, Comparada comumente ao Pão de Açúcar, do topo tem-se uma das vistas mais lindas da cidade. Um cableway, espécie de bonde-teleférico, leva o público até lá.
De qualquer ponto da Cidade do Cabo é possível ver a Table Mountain. A montanha dá nome ao parque nacional que abriga zebras, antílopes, babuínos e mais de 2 mil espécies de plantas. De cima da Table Mountain, a mil metros de altura, aproveite para contemplar as praias, o estádio de futebol e a Robben Island.
Para passear livremente sem medo de ter de planejar o próximo passo, vá para o V&A Waterfront, o belíssimo porto reformado que recebeu esse nome em uma clara referência à monarquia inglesa, onde estão vários restaurantes, cafés, lojas, e onde tudo pode acontecer: de uma aula aberta de yoga a um show de jazz. Um tour a pé dá conta de 22 pontos históricos preservados dentro da estrutura.
Já por ali você terá noção clara de que muitas das atrações estão no mar. As belas praias Clifton, acessíveis pela Victoria Road, são das mais concorridas.
Voltadas para o interior estão as trilhas para escalar as montanhas. E isso é só o começo da adrenalina, pois os mais radicais podem inclusive fazer rapel.
Pela cidade mesmo, além da visitação aos locais históricos, costuma-se passear pelo Kirstenbosch Garden, que preserva flora e fauna da região, ou pelo Aquário, que contempla espécies dos dois oceanos.
E que tal dar uma esticada até a peculiar Kalk Bay? Kalk Bay é uma das vilas mais antigas da Cidade do Cabo. O ritmo de vida por lá é mais lento, com uma atmosfera relaxada e boêmia.
Você encontrará cafés incríveis, lojas de antiguidades e bares muito bacanas. É o passeio ideal pra aproveitar o pôr-do-sol num happy hour descontraído.
Faça também um passeio pelo bairro muçulmano de Bo-Kaap ou “quarteirão malaio”, que é super famoso pelas casas coloridas, mesquitas e lojinhas cheias de aromas exóticos.
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Localizado entre o centro da cidade, o Waterfront e a encosta do Signal Hill, Bo-Kaap é um dos bairros mais antigos da cidade. Seus primeiros ocupantes foram descendentes de escravos trazidos das colônia holandesas do Sudeste Asiático, que também ficaram conhecidos como “Cape Malays” (malaios do Cabo).
Cada casa é alegremente pintada em cores vivas, transformando o bairro em um dos lugares mais intagramáveis da Cidade do Cabo. Além disso, o bairro é o berço da cultura muçulmana na cidade, o que quer dizer: comidas muito boas!
Aproveite as especiarias aromáticas, junte-se a uma aula de culinária e saiba mais sobre a cultura dos malaios!
Indo ao Cabo da Boa Esperança, você terá a chance de chegar perto de onde acontece o encontro entre os dois oceanos. Ponto mais remoto da península, o cabo vencido pelo navegador português Bartolomeu Dias tem uma vista sensacional. Pelo caminho, você poderá ainda se deparar com zebras, macacos, antílopes, avestruzes e dezenas de espécies de aves.
A louca dos “sunrise” e “sunset” que vos escreve não poderia deixar de dar uma dica que certamente vai ficar marcada na sua memória eternamente: assista o nascer do sol da Lion Head e pôr-do-sol da Camps Bay.
O nascer do sol é bonito em qualquer parte do mundo, mas o da Lions Head é uma daquelas raras vistas que vai te deixar muito agradecido por estar vivo. A Lions Head fica localizada no Table Mountain National Park, a caminhada até o seu topo é fácil (mas tenha cuidado caso ela esteja úmida). Lá, você verá a beleza da cidade completada pelo contorno do oceano Atlântico.
Como se ter o melhor nascer do sol não fosse o suficiente, ver o sol se pondo no oceano Atlântico também é uma grande atração na Cidade do Cabo. Vá para a praia de Camps Bay, relaxe e aproveite o show em tons pastel no céu da cidade. Simplesmente inesquecível!
A África do Sul possui uma história muito rica, e uma das melhores coisas da Cidade do Cabo é que você pode tentar entender essa história em passeios como a Robben Island e o District Six Museum.
Na Robben Island você poderá ter uma visão sobre a opressão vivida no Regime do Apartheid e o último triunfo contra ele, simbolizado por Nelson Mandela, que ficou 18 anos encarcerado lá. Os bilhetes de retorno da ilha custam cerca de 30 dólares (preço em 2017).
Já o District Six Museum dá um contexto da época em que a Cidade do Cabo, tão multicultural e vibrante nos tempos de hoje, foi declarada como “apenas de brancos”. Mais de 60 mil habitantes foram expulsos de suas casas e transferidos para favelas no subúrbio da cidade. O museu é um incrível choque de realidade.
A Cidade do Cabo tem uma cultura criativa incrivelmente forte, e essa característica é muito evidente em Woodstock, um bairro super vibrante. Lá, mais de 100 peças de arte de rua adornam quase todos os cantos.
São obras de arte que trazem temas importantes como mensagens políticas e de preservação ao meio ambiente. Uma ótima pedida é participar do walking tour guiado para entender quem pintou as obras e quais são seus significados.
Se tiver flexibilidade de escolher a data para sua viagem, a melhor época para visitar a Cidade do Cabo vai de setembro a maio, do fim do outono ao meio da primavera
Como se locomover
Uma das formas mais convenientes de circular pela Cidade do Cabo é utilizando táxis, um serviço acessível e confiável. Uma considerável malha de trens e vans está disponível, mas são pouco utilizadas por turistas. Algumas linhas de ônibus são convenientes e bem baratas para chegar a algumas atrações principais.
Sem dúvida, o meio de transporte mais eficiente para conhecer a cidade, dando aquela “geral” na região, são os famosos ônibus de dois andares, como os da CitySitghtseeing SouthAfrica, que passam pelas principais atrações. O passageiro pode descer ou subir quando quiser.
Na rua Adderley, ficam os terminais de ônibus municipal com partidas para diferentes pontos de interesse. Outra boa alternativa, até mais econômica do que os táxis, são os chamados rikkis (tipo de bicicleta com três rodas). Eles estão por toda parte em bairros como City Bowl, Camps Bay e pelo Waterfront.
Por fim, tem o sistema de metrô, chamado Metrorail, que possui 80 estações e cobre quase toda a cidade e região metropolitana. Em alguns trechos, os trilhos estão localizados à beira-mar.
Se você está pensando em alugar um carro, é recomendável que tenha a carteira de habilitação internacional. Se atente ao detalhe que o volante segue o padrão dos ingleses, ou seja, fica do lado direito do veículo. ( colocar link de alguel carro)
Onde ficar na Cidade do Cabo
Escolher com consciência o local da hospedagem tem sua importância no planejamento da viagem. Quem pretende alugar um carro não precisa ficar tão preso à localização, enquanto quem não terá um veículo próprio deve dar atenção maior à localização.
A vantagem é que, por ser uma cidade muito turística, não faltam opções de acomodação, seja em luxuosos hotéis ou em simples albergues. Os preços são razoáveis e sim, existem alternativas para todos os bolsos.
O lugar que concentra a maior quantidade de hotéis e que indicamos para hospedagem é a região do Waterfront. Essa área é indicada para quem quer circular a pé e estar próximo do burburinho da cidade, de restaurantes e lojas. O Waterfront é, sim, uma região de hotéis mais caros, mas, como a oferta de acomodações é muito grande, você consegue encontrar hotéis com bom custo-benefício nessa área, principalmente se não deixar para fazer a reserva em cima da hora.
Outra opção ainda por ali, porém mais em conta, o Breakwater Logde é uma boa dica; se puder gastar um pouco mais e quiser um local confortável, a sugestão é ficar na área da marina e dos canais do Waterfront, que tem bons apartamentos.
O centro é indicado para quem busca opções de hospedagem mais econômicas, mas é preciso saber que, com exceção da Long Street, a maioria das ruas da região fica deserta durante a noite.
Se quiser conseguir bons preços e, de quebra, ter uma bela vista, os bairros de Sea Point e Green Point são boas escolhas. Eles não estão distantes do Waterfront, oferecem boa quantidade de hotéis e têm comércio, principalmente em Green Point.
Se você ouviu falar das praias do Cabo e quer ficar perto delas durante sua viagem, Camps Bay é sua pedida. O lugar tem muitas casas transformadas para receber turistas, quase sempre com um belo visual para os Doze Apóstolos ou para a praia.
Gastronomia
Comer é um dos principais prazeres ao visitar a Cidade do Cabo. Pode-se provar diversos tipos de comida. Exemplo da culinária malaia, as conhecidas samoosas não podem ficar sem degustação. Essa espécie de croquete de massa de pastel recheado com carne ou vegetais ao molho condimentado é bastante vendida no colorido bairro de Bo-Kaap ou nos cafés e lanchonetes da Long Street.
Outra especialidade gastronômica fica por conta dos frutos do mar. Achados em fartura, são baratos e estão entre os melhores do mundo. Curta um almoço em Camps Bay com mariscos, lulas, mexilhões ou lagosta à mesa. Vale muito fazer uma refeição no Groot Constantia, a mais antiga vinícola do país.
A noite de Cidade do Cabo
A Cidade do Cabo tem a fama de não dormir. Pelo menos isso é certo em áreas como Long Street, Loop, Wale e Orange Street. A primeira rua, extensa como o próprio nome sugere, é uma verdadeira festa, abrigando lado a lado muitos bares, restaurantes e baladas, onde a noite parece não ter fim. Aos amantes da boa música, os bares-restaurante do V&A Waterfront são uma ótima pedida.
Compras
Se você é daquelas pessoas que não dispensa boas compras, um giro por Canal Walk e Grand West, que são dois enormes complexos temáticos que reúnem shoppings, entretenimento, restaurantes, lojas e cassinos, são ótimas opções.
O artesanato local também se sobressai na lista de compras na Cidade do Cabo. Para encontrar as melhores peças e suvenires africanos, passe algumas horinhas no Green Market Square, bem como nas feiras da rua da Main, em Somerset West, sempre aos sábados pela manhã. A Long Street, no centro, é mais uma via conhecida por suas variadas opções de lojas, serviços e entretenimento.
Dicas extras
É importante levar um kit com medicamentos básicos como analgésico, antigripal, remédio para enjoo, cólica, ressaca e má digestão. Não se esqueça de levar também seus remédios de uso contínuo na quantidade necessária para o período que você ficará no destino, já que pode ser difícil conseguir algumas medicações sem passar por um médico local. Mas muuuuito importante é que você leve receitas para seus medicamentos. Por mais inofensivo que possa parecer, em alguns países, substâncias super comuns aqui no Brasil podem ser ilegais e se não houver nada comprovando seu uso, pode ter trazer alguns problemas. Vale também conferir a lista de substâncias ilegais antes mesmo de embarcar e tentar substituir por outros medicamentos legais no país. Converse sempre com seu médico.
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