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De “Paris da América do Sul” às crises econômicas: o que aconteceu com a Argentina?

Como o país que um dia já foi economicamente forte sofre hoje com o temor de um colapso econômico?

crise econômica

Um breve passeio por Buenos Aires era o suficiente para encantar turistas do mundo todo. Sua arquitetura, projetada principalmente por importantes profissionais do começo do século XX, fazia jus a seu status de cidade multicultural da época.

Sua saúde financeira fez com que se tornasse internacionalmente conhecida por ruas elegantes e avanços tecnológicos possíveis apenas à cidades de primeiro mundo, como iluminação elétrica e sistema ferroviário subterrâneo. 

Fatores como decisões políticas e economia internacional fizeram com que a Argentina deixasse de ser a oitava maior economia do mundo no começo do século passado para ocupar hoje a 52ª posição, com forte inflação e temores de um novo colapso econômico.

Liberalismo como principal aliado

A grande responsável pela expansão econômica da Argentina foi sua constituição, pautada em valores liberais que estimulava a imigração e a entrada de capital estrangeiro. Isto fez com que o país, no começo do século passado, respondesse por até 45% de todas as exportações da América do Sul, recebendo grande carga de imigrantes europeus. 

Com mão de obra disponível, a Argentina tornou-se uma “economia fortemente globalizada” como aponta Eduardo Viola, professor do departamento de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Entre os produtos mais importantes estava a carne vermelha argentina.

Uma rentável tradição

Até o século XVIII, a produção pecuária na Argentina tinha foco principalmente no couro bovino. Trabalhadores do campo utilizavam partes dos animais abatidos – principalmente a língua – como alimento, deixando-as em fogueiras por alguns minutos antes de comê-las. 

O costume logo virou comércio e, no final daquele século, o tratamento, a cura, a exportação da carne e a tradição dos “assados” iriam se consolidar como motores da economia do país. 

O país então estaria em franco desenvolvimento, com forte atividade cultural e onde poderia se encontrar – de matéria prima a experts – tudo para um churrasco.

A estabilidade do instável

A quebra da Bolsa de Valores em NY, em 1929, levou a uma recessão mundial em que a demanda internacional por commodities diminuiu enquanto o protecionismo econômico floresceu, reduzindo as exportações. 

O Peronismo da década de 40 devolve, por um breve período, a autossuficiência Argentina, estimulando a indústria interna e levando o país à posição de credora na década de 50. 

Conflitos políticos ocorridos entre as décadas de 50 e 70 levam o país a sucessivos golpes militares que consolidariam o regime militar presente por quase 10 anos. O ambiente de violência e de constante desrespeito aos direitos humanos junto à políticas neoliberais impostas pelos militares foram catastróficas para a outrora próspera economia Argentina, levando a dívida externa a um aumento de quase 10 vezes em menos de uma década. 

O restabelecimento da democracia no país, em 1983, trouxe ao poder diversos representantes sociais democratas e peronistas. As políticas aplicadas desde então tiveram grandes impactos no PIB e na educação do país, possibilitando a criação de milhares de novos postos de trabalho como forma de mais uma vez aquecer a economia.

Da nossa parte, cabe torcer para que nossos “hermanos” estabilizem sua economia o quanto antes e voltem a ser aquele destino turístico de primeira classe que oferece uma combinação única de elegância europeia e paixão latino-americana.

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