Quem já viajou de avião por períodos longos conhece bem a sensação: sono incontrolável durante o dia, cansaço, náusea, mau humor, dificuldade para dormir e aquela impressão de que algo está muito errado. Esse é o famoso jet lag, uma desorientação que surge quando a gente atravessa vários fusos horários – o mundo é dividido em 24 deles – que bagunçam geral o nosso relógio biológico. Quem vai do leste para o oeste – de Paris para São Paulo, por exemplo – sente menos do que quem viaja no sentido inverso. Isso porque é mais fácil se adaptar a caminho de algum lugar onde o horário é mais cedo do que o de origem. Mas esse sintomas desagradáveis podem perdurar até quatro dias e aí, a gente precisa dar uma ajudinha para nosso organismo.
Por volta de uma semana antes da partida, mude aos poucos a hora de dormir e acordar, para que coincidam com a do destino final. “Por exemplo, quem vai para Roma, que está cinco horas à frente do Brasil, deve tentar dormir uma hora mais cedo e acordar uma hora antes, gradualmente, por cinco dias. Já se o destino for Vancouver, que está quatro horas a menos em relação ao Brasil, a dica é despertar uma hora mais tarde e manter-se com os olhos abertos por mais tempo com uma luz forte por perto. É que a iluminação é importante porque controla a liberação da melatonina, o hormônio que induz o sono, produzido quando existe a ausência de luz. Se você tiver dificuldade para dormir mais cedo, vale usar óculos escuros dentro de casa, por mais estranho que isso pareça.
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O estresse pode piorar a sensação de jet lag, já que estimula a produção de hormônios como o cortisol que, quando em excesso, predispõe à irritabilidade – tudo o que você não precisa às vésperas de uma viagem. Por isso, procure amenizar a ansiedade pré-avião e tente relaxar e dormir bem nos dias antes da partida.
Se o seu voo for longo (e você tiver tempo para isso), tente planejar uma parada no meio do caminho para descansar e se ajustar aos poucos ao novo fuso. Muitas vezes, uma conexão é a salvação na viagem.
Outro recadinho muito importante aqui: evite álcool e cafeína. Essas duas substâncias têm efeito sobre o sistema nervoso central. O álcool age como sedativo e a cafeína, como estimulante. Elas podem atrapalhar a sincronização do relógio interno em relação ao externo. A dica, aliás, começa a valer um dia antes da viagem e deve se prolongar até cerca de dois ou três dias após a chegada.
No avião, caminhe pelo corredor e alongue o corpo de tempos em tempos. É uma precaução para não ter indisposição causada por dores musculares, além de diminuir o risco de trombose. Esse é um cuidado muito importante principalmente para quem viaja na classe econômica. Por conta do espaço reduzido, o passageiro pode ficar com o corpo dolorido. Sei bem o que isso significa, no alto dos meus 1,87m. Acredite, você não vai querer que os efeitos do jet lag se somem a um corpo moído.
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Essa dica aqui vai fazer toda diferença nesses efeitos desagradáveis, acredite em mim. Se você chegar ao destino pela manhã, resista bravamente à tentação de se jogar na cama quentinha do hotel. Vai logo para a rua e caminhe em contato com a luz do sol, que inibe a produção da melatonina. Assim, o corpo se acostuma com mais facilidade ao novo ritmo. Mas se a vontade de dormir for realmente incontrolável, tire um cochilinho básico, o melhor momento é depois do almoço. Faça uma soneca curta, de no máximo uma hora e meia, apenas para tirar a sensação de fadiga, mas sem atrapalhar o ciclo do sono.
Nos primeiros dias, opte por refeições leves. Essa dica é especialmente útil para quem sofre com os efeitos clássicos do jet lag como enjoos e enxaqueca. Evite frituras, carboidratos brancos (pães, bolos, biscoitos e massas) e alimentos industrializados. Prefira saladas, sopas leves e sanduíches naturais com poucos condimentos.