Melbourne é constantemente escolhida como uma das cidades mais vivas do mundo; os moradores locais querem contar aos visitantes o que a faz tão agradável
Ao sul da costa australiana, no pequeno estado de Victoria, Melbourne é a segunda maior metrópole do país oceânico. Eleita em 2017 — pela sétima vez — pela revista britânica The Economist como a melhor cidade do mundo para morar – ao lado de Viena, na Áustria, e Vancouver, no Canadá –, ela chama a atenção por sua arquitetura vitoriana, que confere um ar europeu ao clima tropical.
A eleição da Economist se deveu a fatores que atraem a maioria dos interessados em um intercâmbio na Austrália, como segurança, saúde, sustentabilidade e educação, além, sem dúvida, da sua importante cena artística e cultural, abrigando uma multiplicidade de teatros, galerias e museus.
A seguir, indicamos cinco coisas para se fazer em Melbourne em que, ao menos em um primeiro momento, não é necessário gastar um dólar australiano.
Ir a museus e galerias de arte
A National Gallery of Victoria possui uma grande coleção com nomes como Drysdale, Rodin e Constable entre as peças permanentes que podem ser vistas de graça. A primeira galeria, em St. Kilda Road, é ela mesma uma obra de arte, que vale a pena um passeio por si só, com um atrio de vidro colorido impressionante.
Outra opção, para quem está mais perto da Federation Square, é o celebrado Australian Centre of Moving Image (ACMI), com uma história interativa do cinema e da TV. Próximo dali está o Australian Centre for Contemporary Art, em Southbank, outra joia arquitetônica com um calendário imenso de exibições.
Ainda não está satisfeito? Há outras várias galerias privadas na região de Flinders Lane com pequenas coleções ou mostras de artistas nacionais e internacionais. Tudo de graça.
Subir nos topos dos prédios
Você não será popular com os jovens dos bares e pubs se você não tirar a mão do bolso e comprar uma bebida, mas tecnicamente você pode ter uma série de ótimas vistas de Melbourne sem precisar subir no Sky Deck, na famosa Eureka Tower. Há bares rooftop em várias partes da cidade, como o Rooftop Bar & Cinema, na Swanston Street, ou o Madame Brussels, do outro lado da Bourke Street. Ao menos que você queira beber algo, subir e ver as vistas não custa nada.
Caminhar pelas vielas artísticas
Na década passada, as vielas de Melbourne foram transformadas em pequenas passagens no centro da cidade repletas de obras ao ar livre de alguns dos mais importantes nomes das pinturas de rua do mundo. Você provavelmente não vai encontrar os trabalhos de Banksy ali (alguns meios de comunicação locais disseram que foram feitas pinturas sobre os originais ou que eles foram destruídos, mas uma das obras permanece), mas uma série de incríveis murais coloridos de renomados artistas — como Be Free e Ha-Ha –, assim como de outros milhares de visitantes que deixam sua contribuição.
As vielas começam na Hosier Lane (do outro lado da Federation Square) e seguem um labirinto em direção ao norte da cidade. Parte da experiência das vielas está se perdendo, mas a arte de rua em Melbourne é uma característica tão viva que outros lugares com murais e grafites estão aparecendo no lugar.
Caminhar sem direção
O índice Walk Score, que permite a possíveis compradores ou inquilinos escolherem casas baseadas na acessibilidade a pé, lista atualmente apenas cidades nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália. Nova York liderou a lista de 2017 com uma pontuação de 89 de 100, com os bairros de Little Italy e Union Square sendo os principais pontuadores. San Francisco ficou na segunda colocação, seguida por Boston. No Canadá, Vancouver, Toronto e Montreal ficaram nas primeiras posições, enquanto na Austrália as cidades mais pontuadas foram Sydney, Melbourne e Adelaide.
Melbourne transformou desagradáveis caminhos usados inicialmente para despejar lixo em agora famosos “laneways”, onde estão instalados restaurantes e cafés. É apenas uma das descobertas possíveis de se fazer caminhando. “O que marcou muito a minha viagem foi que a Austrália me abriu portas para conhecer lugares que eu nunca imaginei na minha vida que iria conhecer. E nem falo de viagens para fora do país, mas de coisas que Melbourne, por exemplo, foi me mostrando nas minhas longas caminhadas dominicais”, conta Bruna Basato, que passou um ano morando na cidade.
“Eu saía domingo cedo com uma mochila com água, bolacha, alguns remédios, dinheiro para alguma necessidade, e começava a caminhar sem destino até cansar. Algumas vezes eu passei o dia inteiro vendo, conhecendo, conversando. É a melhor experiência que a cidade te oferece: ser um flâneur”, completa.
Os mercados e parques
Os Victoria Markets são colocados na lista das agências de turismo como a segunda principal atração de Melbourne, mas há outras opções para quem não gosta de enfrentar o mar de visitantes: uma delas é o Prahran Market, onde se encontram típicas pastelarias, espaços de arte e lojas. Outra é o South Melbourne Market, que sempre organiza uma série de atividades para atrair pessoas. “Andar pelos mercados é uma experiência que eu tinha aprendido com um livro de viagens que li ainda no Brasil: os mercados são o coração de qualquer cidade, e os de Melbourne honram essa ideia”, continua Basato.
Além deles, há a opção de trocar a agitação urbana de Melbourne e ficar mais próximo da natureza indo até Ceres Environmental Park, na região de East Brunswick, um espaço popular entre os moradores com um grande café, uma série de jardins e até um riacho que pode acompanhar a volta para casa depois.
Gippsland
Não tão distante de Melbourne está localizada a região de Gippsland, ainda no estado de Victoria, na parte central da Austrália. Segundo o último censo oficial, produzido em 2011, a maioria dos 250 mil moradores da área é descendente de aborígenes e resolveu permanecer nas terras onde seus ancestrais se desenvolveram. Entre eles, indígenas dos povos Gunai e Boon Wurrung, que hoje são representados por diversas instituições nacionais. A viagem, ao contrário das outras, vai te custar a passagem de ônibus — mas o resto é tudo gratuito.
Os Gunai lutaram contra os invasores ingleses durante boa parte das incursões mato adentro promovidas no século 18. Hoje, restam ainda aproximadamente 3 mil descendentes dos povos nativos vivendo na região que, desde 2012, contam com uma instituição oficial de apoio e proteção, a Gunai Kurnai, do governo de Victoria. Ainda é possível encontrar diversas influências dos primitivos no cotidiano das pessoas que moram ali atualmente.
Em Gippsland, as principais cidades para se visitar são Traralgon, Moe e Warragul, todas de pequeno porte. O estudante brasileiro Gabriel da Hora, que passou seis meses em intercâmbio em Sydney no ano passado, viajou para a região acompanhado dos alunos da instituição em que estudou inglês. A excursão tinha, além de outros brasileiros, japoneses, indonésios, colombianos e italianos.
“Dá para fazer até um pequeno mochilão pelas cidadezinhas, porque são todas próximas. Cada uma oferece um espacinho para conhecer a história, mas também para tomar um bom café, conversar, caminhar etc. É uma pena que tão pouca gente viaje para aquele lugar”, comenta.
Para além da história nativa, em Warragul há um dos eventos mais visitados pelos turistas: uma tradicional feira de produtos orgânicos produzidos pelos agricultores locais organizada no terceiro sábado de cada mês. O encontro reúne mais de 50 produtores da região que vendem ervas, queijos, óleos e vegetais aos moradores das cidades.
Em outra região, mais ao leste, há a parte conhecida como “Lagos de Gippsland” pela junção de três grandes lagos: o Wellington, o King e o Victoria. Ao contrário das cidadezinhas da região, suas margens são repletas de hotéis, resorts e restaurantes, que ficam lotados de turistas do mundo todo. Muitos deles vão em busca de mergulhos com os golfinhos e práticas de surfe.