Barcelona é daquelas cidades que todos desejam visitar um dia, mesmo sabendo que ela está abarrotada de turistas por todo canto, vale visitar esse lugar cheio de charme e tão cativante. Aqui estão reunidos alguns bons motivos para você fazer um passeio arquitetônico por Barcelona, em um Roteiro de Gaudí.
Sagrada Família
Ícone de Barcelona, basílica mais famosa da Espanha e possivelmente a mais conhecida do mundo – tanto como obra quanto como estudo em qualquer faculdade de arquitetura do planeta. Sua característica particular é que a construção começou em 1882 e, 132 anos depois, ainda não está pronta. Gaudí iniciou o projeto quando tinha apenas 31 anos, convertendo-se em sua obra mais importante. Também é considerada o expoente máximo do Modernismo catalão.
A Sagrada Família é uma obra caracterizada pela inovação, e muitos de seus elementos demonstram a novidade do seu estilo: as torres em cone que sobressaem do edifício, a infinidade de janelas que sobem por ela em formas espirais, os enormes pórticos e a ornamentação abundante.
Gaudí viu apenas uma das torres levantadas quando em vida, mas, assim que a igreja estiver terminada, serão 18 delas. Cada uma das entradas está dedicada a uma passagem da vida de Jesus Cristo. No exterior do templo, por exemplo, é possível ver algumas esculturas que recriam a história cristã: o beijo de Judas, a última ceia, o juízo de Jesus ou o Ecce Homo. A cripta, um dos lugares mais importantes do templo, é composto de sete capelas – e na de Nossa Senhora de Carmen está a tumba do próprio Gaudí.
A cada dia, milhares de turistas admiram a grande obra do arquiteto catalão, fazendo dela um dos pontos turísticos mais importantes da cidade e do país. Em 2005, a fachada do “Nascimento”; e a cripta foram declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco, braço e cultura da ONU.
Casa Milà
Mais conhecido como La Pedrera, o edifício modernista desenhado por Gaudí é um dos ícones do Paseo de Gracia e de Barcelona como um todo. O trabalho foi encomendado para o casamento de Pere Milà i Camps, um importante empresário do ramo têxtil, e sua noiva Roser Segimon i Artells, viúva de um rico indiano, e começou em 1906, quando a região passou a ser edificada pela burguesia catalã.
Para a casa monumental, o casal escolheu Gaudí pelo encanto que a Casa Batlló lhes havia causado. O arquiteto levantou dois prédios de seis andares com dois pátios interiores, ainda que a fachada dê a impressão de ser um único edifício.
Para o desenho, o artista se inspirou no seu estilo naturalista, que lhe outorgou formas que se assemelham às ondas do mar, balcões com ferro forjado como se fossem plantas trepadeiras, rosas esculpidas na fachada e chaminés com acabamentos em forma de cabeças de guerreiros.
Também há certa influência religiosa, como a cruz de quatro pontas e as esculturas da Virgem. Sua originalidade fez com que se tornasse um dos trabalhos mais valorizados de Gaudí, apesar do seu abandono pelas discrepâncias com a família Milà por causa de suas pinturas internas. Hoje, como os demais, é um dos prédios mais visitados de Barcelona.
Casa Batlló
Localizada no número 43 do Paseo de Gracia, esse é um dos edifícios mais emblemáticos de Gaudí: ali vivia a família dele, a mesma que deu ao próprio arquiteto a responsabilidade de reformá-lo no ano de 1903.
Para o trabalho, ele se inspirou nas formas da natureza e se centrou, principalmente, na fachada, no primeiro andar, no pátio de luzes e no telhado, onde se encontra uma abóbada em forma de dragão que se tornou a identidade do prédio. Tampouco podia faltar a cruz de quatro pontas na parte central da cobertura – um dos elementos fundamentais da obra gaudiana.
A casa foi apresentada ao concurso anual de edifícios artísticos da administração de Barcelona de 1903, mas, por incrível que pareça, não ganhou a edição que disputou. Naquele ano, aliás, nenhuma obra relacionada ao Modernismo catalão venceu o prêmio.
Aberta ao público e também Patrimônio da Humanidade, a Casa Batlló é outro dos monumentos mais visitados de Barcelona.
Casa Vicens
Uma das primeiras obras de Gaudí depois de ter terminado a carreira, a Casa Vicens foi encomendada por Manuel Vicens i Montaner, que desejava uma residência secundária na Gracia, bairro que só depois seria anexado à cidade de Barcelona, para passar ali suas férias.
Os trabalhos começaram em 1883 com o autor seguindo seu estilo inicial com influências orientais persa e bizantina. O resultado foi um edifício coberto de cerâmica que recorda as construções árabes. De fato, em seu interior, um dos tetos se assemelha ao Generalife de la Alhambra da cidade de Granada, quase na fronteira entre a Espanha e o Marrocos.
Gaudí também desenhou o mobiliário da casa e os jardins, ainda que eles hoje em dia estejam ocupados por prédios paralelos.
Colegio Teresianas
No número 85 da Calle Ganduxer, na zona alta de Sarrià-Sant Gervasi, encontra-se o colégio e convento da congregação das religiosas teresianas fundada pelo sacerdote Enrique de Ossó. O edifício foi construído entre 1887 e 1889 e teve Gaudí como um dos arquitetos do grupo responsável.
O estilo da obra pertence ao neogótico, em que predominam os ladrilhos, a cerâmica e a carpintaria – materiais que não supunham um gasto elevado e contaram com o empenho de Ossó para que Gaudí aceitasse essa premissa. O mais chamativo do seu acabamento são as ameias da parte superior que, por sua estrutura, fazem o prédio parecer um castelo. Também as cruzes de quatro pontas, sua marca de identidade, ficam expostas em cada uma das vértices – por motivos de ordem, foram compostas por vários escudos de cerâmica.
O trabalho que Gaudí elaborou no jardim foi considerado uma antecipação do que ele faria depois no Park Güell: palmeiras, pinheiros e bancos de pedra. O Colegio Teresianas foi declarado Monumento Histórico e Artístico de interesse nacional da Espanha em 1969.
Casa Calvet
O edifício modernista corresponde à época naturalista de Gaudí, que, em 1900, recebeu o primeiro prêmio do concurso anual de edifícios artísticos de Barcelona. Está localizado no número 48 da Calle Casp, no Eixample direito.
A principal característica dessa obra, porém, é seu caráter conservador: só com muita atenção é possível se ater ao autor da obra. Nela estão as formas características de Gaudí, que mais tarde iriam adquirir certa maturidade, assim como seus materiais mais típicos: o ladrilho, o ferro forjado e o arenito de Montjuic.
Na ornamentação se apresentam figuras naturais como setas, frutas ou pombas, além do escudo da Catalunha e, claro, a cruz de quatro pontas.
Torre Bellesguard
Aos pés da serra de Collserola se encontra uma das obras mais bonitas e desconhecidas desenhadas pelo arquiteto catalão: a Torre Bellesguard. Construída em 1900 com um estilo neogótico, usou restos de um antigo castelo que existia no mesmo lugar. Dele ficaram as ameias ao lado de uma torre e de uma muralha medieval reconstruídas.
A decoração destaca o azulejo, empregando a técnica do mosaico sobre a pedra e o ladrilho. Também se pode observar outros elementos característicos, como o ferro forjado, a cruz de quatro pontas, o escudo da Catalunha e alguns sinais religiosos, como a inscrição da Ave Maria na porta de entrada.
Os jardins, desenhados também por Gaudí, ficam abertos ao público durante o verão, quando são celebradas as populares Noches de Gaudí. A casa é uma propriedade privada, mas fica aberta aos visitantes para fomentar o turismo em Barcelona.
Park Güell
O Park Güell é, sem dúvida, o parque mais famoso de Barcelona, usado de cenário para filmes, séries de televisão, clipes musicais e sessões de fotos turísticas. Encontra-se no alto da cidade, acima do popular bairro de Gracia e junto do parque de El Carmel.
Foi construído por Gaudí a pedido de Eusebi Güell entre os anos 1900 e 1914. A ideia, no início, era construir uma área urbana inteira, mas depois resolveram projetar ali apenas um parque aberto.
A obra também pertence à fase naturalista do arquiteto, predominando os temas de animais, como uma salamandra que precede o terreno, a serpente que se encontra em uma das fontes ou as gárgulas situadas abaixo dos bancos ondulados da praça central.
O uso de azulejos como ornamento decorativo enche o parque de cor, cuja arquitetura se funde com a natureza que a rodeia. Dos bancos, que simulam as ondas do mar, dá pra ter uma visão panorâmica de Barcelona. Até alguns anos, a entrada era gratuita, mas já faz um tempo que a prefeitura cobra uma taxa dos turistas e moradores para preservá-lo.
Como não podia ser de outra maneira tratando-se de uma obra de Gaudí, o toque religioso se encontra no Calvário, uma espécie de capela no alto do parque. Dentro dela está a Casa-Museo Gaudí, onde o arquiteto viveu e em que hoje está uma ampla coleção de obras dele.
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