De livrarias secretas a teatros de todos os gostos, West End – o bairro boêmio de Londres – também é inspiração para canções mundialmente famosas.

“And I’m walking in the wild West End/ Walking with your wild best friend (…) And I went down to Chinatown/ In the backroom it’s a man’s world” (Estou andando no selvagem West End/ Andando com seu selvagem melhor amigo (…) E eu fui para Chinatown/ Naqueles fundos é um mundo de homens), diz o escocês Mark Knopfler, ex-vocalista da banda britânica Dire Straits em Wild West End.

A canção, aliás, faz referência a diversos outros locais do bairro londrino, como o café Angelucci e o Bar Borocco, e é uma das mais famosas sobre a região boêmia da capital britânica. Ali, estão livrarias seculares, restaurantes chineses, festas a céu aberto, uma coleção de teatros e galerias e, claro, bares e pubs para todos os dias da semana.

Os bares, por sua vez, são citados em outra canção mundialmente famosa: West End Girls, do grupo britânico Pet Shop Boys: “In a West End town/a dead end words/ The East End boys and West End girls” (Num bairro de West End/ um mundo sem saída/ Os garotos de East End e as garotas de West End), diz um trecho da letra.

A região ficou até mais cara na competitiva busca imobiliária de Londres por causa das músicas, da demanda cada vez maior por imóveis e pela expansão como destino turístico.

Para sair das canções e conhecer você mesmo alguns dos lugares icônicos do bairro, além do teatro Piccadilly e da Leicester Square, indicamos 10 coisas para fazer em West End:

National Portrait Gallery

Nas cercanias da famosa National Gallery, na Trafalgar Square, a coleção da National Portrait Gallery é baseada na importância da obra ao invés da proeminência do artista. Famosas peças estão ali, incluindo o retrato do escritor William Shakespeare feito por James Brydges, o Duque de Chandos, mas outras chamam a atenção pelos valores. O artista contemporâneo Grayson Perry recentemente espalhou algumas de suas obras ao redor do edifício como parte de uma série do Channel 4.

Chinatown

Localizada ao sul da avenida Shaftesbury e ao norte da Leicester Square, a Chinatown londrina possui cerca de 80 restaurantes e padarias chinesas, assim como vários pagodes e esculturas de leões gigantes em estilo chinês. A influência chinesa ali começou em 1950, quando os estabelecimentos começaram a abrir suas portas para os recém-chegados imigrantes asiáticos. As ruas do lugar ficam decoradas com ornamentos orientais o ano todo, como dragões e lanternas. Na Wardour Street, há um grande portal construído em 2016 com inspiração na arquitetura da dinastia Qing.

Prince Charles Cinema

Também perto da Leicester Square, onde é comum encontrar celebridades inglesas andando tranquilamente, o Prince Charles Cinema é um dos principais destinos para os amantes de cinema independente. Os filmes em cartaz sempre são clássicos cult ou obras artísticas pinçadas dos últimos lançamentos mundiais, mas o lugar oferece ainda pequenas apresentações de grupos de rua, como o já famoso The Sound of Music. Como tudo em Londres, há uma lenda que um fantasma ronda os andares superiores do prédio – o que também agrada certos tipos de cinéfilos.

Gaby’s Deli

A placa acima do Gaby’s Deli declara que o estabelecimento foi criado em 1965, e de fato a proprietária, a britânica Gaby Eliahou, afirma que foi a responsável por trazer uma das comidas mais consumidas de Londres, o árabe falafel, para a capital inglesa. O café hoje é um despretensioso lugar servindo pratos do Oriente Médio, como kebabs, e se tornou uma instituição de West End – tanto que é o café preferido de alguns atores. Em 2011, o Gaby’s foi salvo de uma reforma urbana devido a uma campanha liderada por nomes como a atriz Vanessa Redgrave (Blow-Up), o ator Simon Callow (O Fantasma da Ópera) e o diretor Mike Leigh. Barato e charmoso, é um lugar ideal para um café antes dos teatros ou cinemas do bairro.

The Comedy Store

O The Comedy Store britânico é a inspiração para várias casas que surgiram pelo mundo posteriormente, como o paulistano Comedians, na Rua Augusta. Erguido em 1980, é a casa de humor mais famosa e importante na cena alternativa londrina desde então. Sua reputação é mantida hoje como stand-ups organizados todas as noites da semana com nomes mundiais da área, como Jerry Seinfeld (da série estadunidense Seinfeld) e Mike Myers (roteirista da série Austin Powers). A brasileira Carol Zoccoli recentemente se apresentou no local.

Watkins Books

Criada há mais de um século, a Watkins é uma livraria idiossincrática: como revendedora independente, importa livros de vários lugares do mundo e é especializada em esoterismo, misticismo, ocultismo, religiões orientais e espiritualidade contemporânea. Lá, também é possível encontrar um serviço regular de cartas de tarot durante o horário comercial. Durante boa parte do século 20, a Watkins foi a casa de teóricos da conspiração, xamãs e adeptos de religiões secretas e da alquimia. O ocultista britânico Aleister Crowley, que influenciou uma legião de músicos durante aquele período, como os Beatles, o Led Zeppelin e os Rolling Stones, e que se declarou um profeta, era um dos frequentadores constantes do local.

Stanfords Maps

Com uma lista extensa de consumidores históricos, como o explorador britânico David Livingstone, um dos primeiros europeus a explorar a África, Ernest Shackleton, que liderou uma comitiva britânica à Antártida, e o escritor Ranulph Fiennes, Stanfords Maps é uma parada obrigatória para quem está planejando uma aventura para lugares distantes ou que simplesmente gosta de cartografia. Como grande parte dos estabelecimentos de West End, existe ali há mais de um século: foi criada em 1853 por Edward Stanford, mas ficou famosa mesmo por ter sido citada em vários livros do detetive Sherlock Holmes, do escritor Arthur Conan Doyle. Ali também estão alguns dos melhores relatos de viagem e dicas essenciais sobre lugares autênticos do planeta.

Seven Dials

Outrora uma favela, a região de Seven Dials é hoje um vibrante centro social e comercial de West End, na avenida Shaftesbury. Os turistas geralmente exploram as sete ruas que dão nome ao micro-bairro, repletos de cafés, lojas e pubs e onde se situa o famoso The Cambridge Theatre, onde ficou em cartaz o musical Chicago por cinco anos e, desde 2011, é possível ver a peça Matilda.

Show Off!

Show Off! é um microfone aberto a noite toda dedicado ao teatro musical onde o visitante pode parar e cantar ou tocar uma canção, recitar um poema ou texto ou mesmo improvisar alguma coisa. Perto dali, em Koha, na esquina da Leicester Square, há um piano para aqueles mais talentosos que querem reunir uma pequena plateia ao seu redor.

Os teatros

West End é principalmente conhecido pelos teatros, e não à toa é chamado pelos londrinos de “Theatreland”. Segundo o site City Academy, foram 14,7 milhões de bilhetes de peças teatrais vendidas no bairro apenas em 2014. A região rivaliza apenas com a Broadway, em Nova York, nos Estados Unidos, em volume e qualidade das apresentações. Muitos dos teatros são característicos e ornados, com lugares baratos para aqueles que compram antecipadamente. No site West End Theatre Booking, é possível procurar e reservas as várias peças que estão em cartaz atualmente no bairro, como o Aladdin, da Disney, no Prince Edward Theatre, ou Carmen la Cubana, no Sadler’s Wells.