Por Flávio Dino*
Durante a Copa das Confederações, as ruas foram tomadas por uma multidão exigindo serviços públicos à altura de um país que é a sexta maior economia do mundo. Nada mais justo. As riquezas econômicas que uma nação produz devem se converter em bem-estar para as pessoas. As mobilizações trouxeram bons resultados, como a redução de tarifas, o debate sobre reforma política e o programa Mais Médicos. Contudo, é importante termos clareza que esse caminho é longo, pois é gigantesca a tarefa de transformar um país que ainda se insere entre os mais desiguais do mundo.
Mas e o que os megaeventos têm a ver com isso? Alguns os veem como vilões que sugam recursos que poderiam ser investidos em serviços públicos. Prefiro vê-los como uma grande aposta em um novo projeto nacional de desenvolvimento, que evidentemente abrange a urgente melhoria dos serviços públicos.
Essa aposta traz ganhos imediatos ao país. Somente os 15 dias de jogos da Copa das Confederações movimentaram R$ 740 milhões na economia brasileira. Segundo estudo da Embratur, a movimentação da economia com a Jornada Mundial da Juventude ultrapassou R$ 1,2 bilhão. Durante a Copa do Mundo de 2014, turistas brasileiros e estrangeiros devem gastar R$ 25 bilhões, superando o volume total de recursos públicos que serão investidos para a realização do evento. São recursos importantes, que ativam segmentos de todas as regiões do Brasil, desde a aviação até o comércio informal.
Mesmo considerando que houvesse a hipótese de o ganho não “pagar” integralmente os investimentos para realização dos megaeventos, é fundamental lembrar que um de cada três reais investidos pelo governo federal “na Copa” estão sendo usados para melhoria da mobilidade urbana nas metrópoles brasileiras. Se considerarmos o investimento em aeroportos e portos, o valor sobe para mais da metade de todo o investimento “na Copa”. Ou seja, quando falamos em preparativos “para a Copa”, estamos falando também de grandes investimentos há muito demandados pela população. É o caso da melhoria de nossos aeroportos que, até 10 anos atrás, tinham apenas 30 milhões de passageiros por ano. Hoje, graças à melhoria de condições de vida da população brasileira, o volume subiu para 100 milhões de passageiros por ano.
Além de ganhos imediatos, eventos como a Copa do Mundo e a Jornada Mundial da Juventude trazem vitórias estratégicas para o país. Darão uma visibilidade ao Brasil que demoraríamos décadas para conseguir, trazendo mais eventos e mais turistas, por conseguinte mais empregos.
Países como a Espanha souberam explorar bem a oportunidade dos megaeventos para se colocarem no mercado mundial do turismo. Hoje, 21 anos após os Jogos Olímpicos de Barcelona, o país é um dos maiores receptores de turistas do mundo. E, em um momento de crise econômica, o turismo transformou-se em um esteio essencial para a economia espanhola. Esse é o desafio colocado ao Brasil no campo do turismo, que não pode ser minimizado como atividade econômica.
Claro que as mobilizações, o combate a abusos, os debates, são necessários e bem-vindos. Porém isso não impede a conclusão de que os megaeventos valem a pena.
*Flávio Dino, 45 anos, é presidente da Embratur.
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