Voltando de viagem, sempre me impressiono com a beleza da Cidade Maravilhosa e não me canso de encher de elogios o meu querido Rio de Janeiro. Hoje vou aproveitar esse sentimento de carinho profundo e vou falar um pouco sobre uma região que está em amplo desenvolvimento, mas que há tempos me encantou e esse pedacinho do Rio merece e precisa ser mais conhecido inclusive pelos cariocas.
A zona portuária do Rio está passando por um amplo processo de revitalização, tendo inclusive novas atracões sendo inauguradas enquanto outras vão sendo descobertas. Um bom exemplo de descoberta nesta região foi no local onde fica o Cais do Valongo que em 2011 teve todo o calçamento e diversos achados arqueológicos escavados e catalogados e outras peças ainda vão sendo encontradas ao longo deste processo de revitalização.
Construído em 1811, o Valongo desembarcou mais de meio milhão de escravos antes de ser modificado para receber a imperatriz Teresa Cristina, em 1843, e desaparecer quase totalmente em 1911.
Outra jóia desta região em amplo processo de redescobrimento é o pitoresco largo de casas extremamente simples que parece ter brotado de uma imensa pedra que assenta a viela. A Pedra do Sal que fica bem na base do Morro da Conceição, foi o ponto de desembarque do sal pelos escravos e é um importante monumento histórico da nossa cidade. Tendo sido tombada em 1984 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural, a região, que fica bem perto do Largo da Prainha é de extrema importância para a cultura negra carioca onde encontramos inclusive, a Comunidade Remanescente de Quilombos da Pedra do Sal. Essa é uma região carregada de história, mas também de boa música onde os amantes do samba e do choro se deliciam nas animadas noites de segunda-feira na roda das segundas. Vale lembrar que esta região era muito frequentada por verdadeiros mestres do samba como Donga, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres.
E já que falamos da Pedra do Sal, vamos continuar subindo e seguir para o Morro da Conceição. Não vou negar que esta é, para mim, uma das áreas mais bonitas e historicamente rica e apaixonante da região portuária. Perdoem-me pelo tom tendencioso portanto.
O Morro da Conceição pode ser considerado como um verdadeiro oásis no barulhento centro do Rio. Suas ruas de paralelepípedos, sobrados coloridos, crianças correndo pra lá e pra cá e muitos vizinhos na calçada conversando são uma visão de verdadeiro alento para qualquer pessoa que teve a oportunidade de viver algo parecido na sua infância. Coisas que os tempos modernos praticamente não nós permitem mais. Passear pela região é uma delicia, mas exige uma certa condição física propícia já que o sobe e desce é constante. Parar nas biroscas e tomar algo para refrescar e experimentar os petiscos são fundamentais para vivenciar o belo passeio á moda carioca. Se permita esta experiência que você não vai se arrepender.
A construção mais emblemática da região é a Fortaleza da Conceição que foi construída em 1713 e por possuir localização estratégica pôde oferecer uma ampla visão da entrada da Baía de Guanabara. Foi nesta Fortaleza que funcionou e funciona até hoje o primeiro Palácio Episcopal do Rio de Janeiro. Lá funciona também o Museu cartográfico da cidade. Na sua visita a este belo monumento arquitetônico e histórico, não deixe de conhecer as masmorras onde os líderes da Inconfidência Mineira ficaram aprisionados. Não deixe também de apreciar uma das vistas mais lindas da cidade. É emocionante, pode acreditar.
E já que falamos de museu, que tal aproveitar para conhecer o MAR? O Museu de Arte do Rio está classificado como uma das mais festejadas obras de restauração de prédios históricos na região. Dois edifícios de épocas bem diferentes, um modernista e outro eclético conectados por uma cobertura contemporânea e uma passarela abrigam muita história e cultura nacional. Não deixe de conferir as exposições permanentes e itinerantes do MAR.
O Rio de Janeiro, só pra variar, continua encantando turistas e deixando os cariocas ainda mais orgulhosos de suas descobertas. E ainda vem mais por aí.