O Sistema Nacional de Transplantes foi criado em 1997, vinculado ao Ministério da Saúde, com o objetivo de desenvolver o processo de captação e distribuição de órgãos e tecidos humanos para fins terapêuticos e de transplante. De lá para cá foi estruturado e aperfeiçoado. Foram criados, entre outros, o modelo de lista única de receptores, as Centrais Estaduais de Transplante (em parceria com as Secretarias Estaduais) e, posteriormente, a Central Nacional de Transplante.
Com funcionamento 24h no aeroporto de Brasília, a Central Nacional articula e coordena com as unidades estaduais as transferências dos órgãos e tecidos entre as diferentes localidades, quando há a necessidade, gerenciando situações de urgência e maximizando o aproveitamento dos mesmos. Em 2013, a CNT terá assento no Centro de Gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), órgão do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), com a finalidade de acelerar a coordenação dos voos utilizados para o transporte de órgãos. Para que se tenha uma ideia, no caso de transplantes de coração e pulmão, o intervalo entre a retirada do órgão e a cirurgia deve ser de até quatro horas.
É nesse ponto que as empresas aéreas entram com seu poder de encurtar distâncias e economizar minutos preciosos, seja transportando equipes médicas e insumos até os potenciais doadores ou fazendo chegar os órgãos e tecidos até os receptores. As aeronaves que fazem esse transporte ganham prioridade de pouso e decolagem e os recipientes especiais com os órgãos viajam protegidos na cabine sob cuidados do comissário-chefe ou do comandante do voo. Essa união de esforços faz do Brasil o maior sistema público de transplantes do mundo.
Segundo dados da Central Nacional de Transplantes (CNT) do Ministério da Saúde, ao todo 1795 itens – órgãos, tecidos, recipientes vazios especiais ou equipes médicas – foram transportados em 1159 deslocamentos aéreos ou terrestres pelo Brasil para fins de procedimentos de transplante ao longo dos últimos três meses de 2012. Desse total, mais de 99% (1791 itens) foram transportados por via aérea, em aeronaves de companhias comerciais, particulares e da Força Aérea Brasileira (1155 voos). O fato reforça a importância da agilidade e abrangência do transporte aéreo para a preservação das vidas de pessoas que aguardam pelo surgimento de doadores compatíveis e que podem estar a grandes distâncias.
As associadas da ABEAR, desempenham papel central nesse esforço. Juntas, AVIANCA, AZUL/TRIP, GOL e TAM transportaram, sem qualquer custo, aproximadamente 98% desses itens (1758), em 1131 voos.
Os órgãos e tecidos transportados são utilizados em cirurgias variadas e complexas e se destinam a procedimentos cardíacos, de córneas, globo ocular, fígado, pâncreas, rins, baço, ossos, pulmão e pele, entre outros.